A pandemia foi mais um empurrão para desestabilizar a saúde mental dos brasileiros. Esse estresse vai ter fim?
Você já ficou doente por causa de estresse de trabalho? Segundo o professor o médico, PhD e professor internacional da Fundação Dom Cabral, Roberto Aylmer, a pressão em janeiro já era alta e a pandemia foi mais um empurrão para desorganizar a capacidade mental dos profissionais de lidar com a tensão.
“Esse ano era apontado como um ano de recuperação. Estávamos preparados para uma corrida de 100 metros rasos. Com a pandemia, todas as expectativas foram desorganizadas”, comenta ele no episódio “Estresse sem fim?” do podcast Entre Trampos e Barrancos.
O aumento da instabilidade a partir de março se agrava com o prolongamento da emergência de saúde. “Nosso cérebro não aguenta tanto tempo tocando o alarme”, diz ele.
No começo do ano, Aylmer relata que muitos trabalhadores já tinham sintomas do estresse, como distúrbios de sono, alteração de humor, perda ou ganho de peso. O que pode começar com um incômodo mais simples, como uma dor de cabeça persistente, pode culminar na Síndrome de Burnout, o esgotamento no trabalho.
Nas redes sociais da EXAME, os leitores mandaram comentários para participar do podcast e comprovaram as palavras do professor. Quase todos já haviam normalizado a existência de sintomas de estresse relacionado ao trabalho.
Uma pesquisa da consultoria Falconi revelou que houve um aumento de 37% em doenças psiquiátricas ou distúrbios emocionais dentro das empresas brasileiras.
Segundo a Associação Internacional de Gerenciamento de Estresse no Brasil (Isma-BR), 72% da população brasileira tinha alguma sequela de estresse – e, 30% destes, sofriam de burnout.
“O ponto é que esse processo está muito ligado a relação com o chefe imediato”, fala o professor.
Ele deixa um alerta para os líderes: você pode aumentar a pressão na equipe ou pode aumentar a performance.
“Não é que a culpa é do chefe, mas há um papel muito influenciador do chefe que chama suporte social. Quando o colaborador, ou a equipe, sente suporte do seu chefe, como orientação, apoio, margem para errar, traz uma sensação de que a gente vai conseguir vencer junto. Quando aumenta a pressão, o chefe aumenta a cobrança e aumenta o medo, a única chance que o colaborador tem é aumentar o cinismo. É fazer de conta uma coisa e falar outra. Por isso ele esconde sintomas que são transtornos mentais comuns”, comenta ele.
Fonte: Exame