Melissa Vogel, Murilo Gun, e Daniela Falcão conversam sobre como será o futuro do consumo e as principais tendências para o comportamento do consumidor
Melissa Vogel, CEO da Kantar, Murilo Gun, professor e fundador da Keep Learning School, e Daniela Falcão, diretora geral da Globo Condé Nast, conversaram no painel da Expert XP 2020 sobre o novo consumidor e os impactos do seu comportamento para o consumo no mundo pós-covid.
No painel, mediado pela analista de investimentos da XP, Betina Roxo, os convidados expuseram um pouco de como a digitalização, o impacto do isolamento na produção e no consumo de conteúdo e a mudança comportamental do consumidor perante marcas, produtos e serviços podem alterar para sempre a relação entre as pessoas e as empresas no pós-pandemia.
“Acredito que o futuro do consumo é consumir menos. De onde vem essa necessidade do consumo? Estamos preenchendo vazios existenciais com consumo, um excesso de consumo compensatório”, afirma Gun.
Na visão de Melissa Vogel, CEO da Kantar, o consumidor de forma geral estava focado no consumo básico durante o começo da pandemia, querendo apenas garantir sua sobrevivência. Porém, passado esse primeiro momento de angústia, a dinâmica mudou.
“Chega um momento em que não dá mais para a pessoa viver apenas com o que é básico, elas vão procurar entretimento. O consumidor vai buscar se satisfazer”, acredita Melissa.
Com a aceleração do uso do meio digital, muitas empresas perceberam que ainda havia um grande negócio para se explorar na internet, visto que, com a pandemia, a presença no digital tornou-se mais que necessária.
Para Melissa, muitos consumidores começaram a usar o digital pela primeira vez durante esse período de crise que impossibilitou de muitas maneiras o contato físico entre consumidor e marca.
“Sem dúvida houve uma aceleração do meio digital, com as pessoas quebrando paradigmas. Muitos consumidores compraram pela primeira vez na internet nesses ultimo meses. Muitos ouviram um podcast pela primeira vez”, explica a CEO da Kantar.
Espaço digital, humanização e experiência do consumidor
A executiva defende uma visão de que a migração da relação entre consumidor e marca para o meio digital fez com que um discurso mais humanizado aparecesse. “Vemos esse contraponto no uso da tecnologia com a humanização, marcas investindo na construção de relações fortes usando a tecnologia”, explica.
Para os convidados, um dos grandes desafios para o diálogo entre marcas e os consumidores é manter a coerência entre o que a marca é e oferece e entre suas ações e posicionamentos.
“Desapego é a palavra do momento. Desapego, coerência e verdade”, diz Gun.
“Um dos grandes desafios das marcas é coerência, é como se manter relevante e com propósito, os consumidores esperaram que as marcas fossem direciona-los. O que as marcas estão fazendo para garantir a segurança? A marca não pode ser oportunista nem deixar de conversar e investir no consumidor”, acredita Melissa.
“O que as marcas precisam olhar: experimentamos que as campanhas não precisam ser perfeitas e gastar um milhão de dólares para serem efetivas. Vimos que a comunicação home made, falar com o consumidor de maneira mais próxima dele e efetiva pode ser uma melhor estratégia”, acredita Daniela.
Daniela ainda afirma que as marcas precisam se mostrar mais transparentes e entender a importância da experiencia do consumidor como uma das ligas fundamentais na relação entre as empresas e as pessoas.
“Transparência. As marcas devem investir nisso, porque os consumidores vão exigir cada vez mais. Um consumidor mais crítico que espera um propósito maior das marcas. Vimos marcas dosarem campanhas trazendo um tom emocional e acolhedor, sem apelo excessivo ao consumo”, afirma.
Por fim, os convidados mostram que, como o consumidor está cada vez mais multiconectado, as narrativas das empresas precisam ser alinhadas e se mostrarem consistentes em todas as plataformas e canais de comunicação, já que, no geral, o consumidor espera um papel importante das marcas na sociedade.
“Marcas precisam cada vez mais de narrativas conscientes em todas as plataformas. O consumidor está cada vez mais crítico e consciente, preocupado com seu futuro”, diz Melissa.
Fonte: Infomoney