O papel das lideranças no pós-pandemia foi tema de debate entre Sofia Esteves, Norton Lara, Vicky Bloch e André Portilho, no Exame Talks
Os líderes terão um papel fundamental no pós-pandemia. Mudanças nos modelos de trabalho e produção, com a introdução acelerada do home office, trarão desafios para as organizações. Para não perder competitividade, será preciso quebrar resistências internas. A tendência é de que o modelo de liderança atual passe por uma grande transformação com maior ênfase em habilidades como empatia, capacidade de ouvir e de mudar de opinião.
Bloch destaca que uma mudança tão repentina e abrangente, como a gerada pela atual pandemia, cria um desconforto nos trabalhadores, que pode trazer grandes consequências do ponto de vista de saúde física e mental. “Para qualquer lado que se olhe, houve quebra de paradigma”, afirma a empresária. “Desconfie das pessoas que dizem ‘já vi isso’. Estamos vivendo uma situação inimaginável”.
O aumento das incertezas coloca em risco o bem mais valioso das organizações: o bem-estar dos colaboradores, avalia Sofia Esteves. “Crises econômicas proporcionam desafios para toda a sociedade, gerando cenários de medo, estresse e pressão”, afirma. “O momento pede ações rápidas diante do cenário instável com providências nem sempre fáceis. Isso exige a participação das lideranças”.
No pós-pandemia, a capacidade de liderar de maneira humanizada e a consciência de que existe uma interdependência entre todos os stakeholders de uma empresa serão fundamentais para a sobrevivência das organizações. “Precisamos de respostas não convencionais e nossas lideranças não estão sendo capazes de entregar essas respostas”, diz Bloch. “Falta capacidade de escuta acolhedora e de empatia”.
Mesmo antes da crise, havia muita frustração com o ritmo das mudanças. “O mundo já vinha em transformação e muitos executivos sentiam que não estavam alcançando os resultados almejados”, diz Lara. Diante do cenário adverso, os líderes tendem a mostrar mais vulnerabilidades. “O líder incompleto é cada vez menos estigmatizado e há maior abertura para dizer ‘eu não sei’”, afirma Lara.
Para Portilho, a imagem do executivo super-homem precisa ser revista. “Nas representações do executivo ideal, ainda nos apegamos a esse modelo de invencibilidade”, diz o head da Exame Academy. Essa ideia do “salvador da pátria”, que resolva todos os problemas, no entanto, é uma fantasia da sociedade. “O super-homem sempre chega quebrando a janela quando vai salvar alguém. Ele acaba gerando mais danos colaterais do que resolvendo o problema. Esse profissional é muito caro”, define Bloch..
Fonte: Exame
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