Não é de hoje que escuto: Aqui não fazemos planejamento estratégico. Ele não serve pra nada, depois de uma semana ele vai pra gaveta, e nada acontece!
Eu discordo! O planejamento estratégico nunca vai pra gaveta. E pretendo provar isso neste artigo!
O planejamento estratégico sempre é benéfico e traz frutos. Algumas vezes, por falta de liderança, o que acontece é que o plano não é executado, ou como dizem, vai pra gaveta. Mas o planejamento ajuda muito. Ajuda a entender o contexto da organização. E digo mais, o planejamento é muito importante; o plano pode ser até descartável.
Planejamento ou ter um plano?
Planejamento é um momento mágico onde tudo pode acontecer. Ideias novas vêm à tona, problemas são discutidos, as coisas mal resolvidas são colocadas às claras. Isso em um bom planejamento, é claro. É do planejamento que saem diretrizes para um plano, mas o produto do planejamento não é só o plano.
O plano é um produto, uma descrição de como podemos fazer a estratégia funcionar, mas um plano pode e deve mudar sempre, ainda mais para alguns ramos de atividade.
Algumas empresas tem a instabilidade de um vulcão ativo, e precisam atuar de acordo com as oportunidades que aparecem e os desafios que precisam superar. É assim principalmente em momentos de mudança.
Portanto, o plano é um passo a passo de “como fazer”, mas ele é infinitamente menor que o planejamento, no planejamento discutimos “porque fazer”.
É mais importante saber o porquê
Estávamos no meio do planejamento estratégico da empresa quando rascunhei esse artigo. Tínhamos definido os próximos projetos sugeridos. Passado por revisão de objetivos estratégicos, indicadores, tudo muito legal e divertido.
Mas nada, nada mesmo, supera a excitação de colocar as mais de 80 pessoas do time para pensar e envolvê-las diretamente no planejamento. É sensacional colocar todos em uma mesma página, e é incrível como isso revela pontos cegos que nós, diretoria e liderança, temos.
Trabalhei intensamente nesse planejamento estratégico. Envolvi todas as pessoas, e isso me possibilitou ver coisas que eu jamais veria sozinho. Ainda mais, possibilitou às pessoas conhecerem gente de outras áreas, de outros “departamentos” e trabalhar com elas. Elas aprenderam como outros pensam, porque fazem o que fazem e no que acreditam. Se nenhum projeto for executado, o planejamento já valeu a pena só por isso!
As 4 fases da competência
Desde a década de 70 existe um conceito para explicar como desenvolvemos uma competência ou como aprendemos algo, até hoje é pouco conhecido, mas faz todo o sentido.
Onde estamos nessa pirâmide?
Para diferentes assuntos, nós podemos estar em lugares diferentes da pirâmide. Isso serve pra nós ou para nossa equipe. É só você pensar que existem coisas e problemas que você nem conhece (Inconsciente Incompetente), e que você, mesmo quando descobrir, não vai saber como resolver (Consciente Incompetente), mas é inegável que isso já é uma evolução.
O planejamento estratégico é uma ótima hora para colocar muita gente na mesma página e deixar mais claro pra toda a empresa a direção. Ou seja, nós sabemos que temos um problema, mas não sabemos (ainda) como resolver. Acredite, muita gente só começa a entender REALMENTE nessa hora qual é o contexto da organização em que trabalha…
Quando você faz o planejamento sozinho, ou só na diretoria, acontece o mesmo, muita coisa aparece, com alguma sorte, você consegue mudar o estágio de competência da diretoria, mas fica só aí… A mágica acontece mesmo quando você envolve o time todo.
Em um planejamento participativo, todos ganham, e você pode mover várias pessoas para outro estágio ao mesmo tempo. Além do benefício de várias pessoas mudando de estágio de consciência, é incrível como as pessoas se motivam, todos ganham. E se todos estão atuando em um mesmo negócio, é muito provável que a grande maioria queira que ele prospere, gere resultados.
Por isso eu repito: se durante o planejamento você promoveu essa mudança de estágio de consciência, o planejamento nunca vai para gaveta!
Mas por que as ações não acontecem?
Bem, aí é outra história, você deve continuar a desenvolver os estágios da competência. E mais, para cada novo desafio que aparece, muitas vezes você começa lá na base da pirâmide, e precisa escalar até ficar inconscientemente competente.
Como é a liderança que faz tudo se mover. É a capacidade de liderança que faz você atuar no que descobriu e nas direções que acredita que deva ir. É ela que te move a trabalhar na sua estratégia e construir o futuro que planejaram, e até mesmo no plano que fizeram juntos.
Espera, mas o plano não era irrelevante?
Sim, ele é. Mas criar o plano (o planejamento) é um exercício muito válido. É bom ter um plano, ele materializa coisas, você só não deve ficar preso a ele. Muito provavelmente ele estará errado 15 dias depois do planejamento. E é nessa hora que a liderança deve chamar a responsabilidade de analisar o plano, priorizar o trabalho, corrigir a rota e definir os próximos passos. Passados 30 dias, tudo de novo. E assim vai.
Se possível, depois de 30 dias, no lugar de fazer outro plano, volte a planejar, a discutir os pontos levantados, envolva novamente as pessoas. Não precisa ser sempre todo mundo, mas é legal ter pessoas colaborando. Com isso, você tem um plano atualizado.
Entenda, não é o plano que faz a diferença, e sim a sua capacidade de planejar e executar. Algo que precisamos assumir é que quando o planejamento não teve efeitos na organização, não é porque “ele” foi pra gaveta, é por que não tivemos competência para executar ações na direção da nossa estratégia. E isso não tem a ver com planos bons ou ruins, tem a ver com liderança, disciplina, vontade e atitude. Pense nisso!
Fonte: Blog da qualidade