Esqueça a lojinha ou a roupinha de avatar. É mais que isso!
Dificilmente você não ouviu algo sobre o termo nos últimos meses. Seja pelo anúncio feito por Mark Zuckerberg, anunciando o Facebook como Meta e sua proposta de metaverso, seja pela quantidade de marcas que começaram a apostar em diferentes plataformas, como Nike, H&M e Disney, apenas para citar algumas, parece que esse será um dos grandes temas a serem discutidos nesse ano.
Agora, se algumas coisas sobre essa novidade como ambientes virtuais, avatares, entre outros, lhe soa familiar, você não está errado. De fato, há muitos anos, já convivemos através de jogos e plataformas de realidade virtual, a possibilidade de representação virtual de uma pessoa, com direito à customização de roupas, acessórios, casas, carros, entre outros itens, seja similar ao que possui, ou similar ao que um dia deseja ser ou possuir.
São vários os exemplos que podem ser citados, passando pelo universos dos jogos de “mundo aberto” dos jogos de consoles e computadores, e até mesmo tentativas no passado (há quase 20 anos!), no sempre lembrado Second Life, onde a proposta era exatamente essa, a de uma “outra vida”, que não fosse a real.
Agora, o que muda entre o que vivenciamos até hoje, e o tal do metaverso?
Primeiro, se trata muito mais do que uma simples representação sua em um ambiente virtual. Estamos falando de um processo de transformação similar ao que ocorreu universo das compras entre as lojas físicas e lojas online.
No início do e-commerce, víamos operações totalmente apartadas do mundo da venda física. De estoques e preços, à atendimento, gerenciamento e comunicação. O mercado não sabia unificar as informações de um cliente que comprasse nos dois meios. Eram na prática, dois ambientes distintos.
Com o avanço da tecnologia, e principalmente o avanço de ferramentas que permitem entender melhor as diferentes jornadas de um mesmo consumidor, sendo ele reconhecido independente do canal que esteja comprando, começamos a buscar a aplicação do conceito de omnicanalidade nos negócios, onde todo o negócio operasse de forma sinérgica entre seus canais. Os termos omnicanal (ou omnichannel, se preferir), e figital (ou phygital) senão em desenvolvimento, estão no roadmap de qualquer marca que pretenda crescer no mercado nos próximos anos. Uma das alavancas de crescimento exponencial de uma marca está em estar digitalizada de forma adequada às demandas de seu mercado e seus consumidores. Quanto mais digitalizada, mais disponível.
Dessa forma, assim como havia antes o e-commerce apartado da operação de loja física, temos hoje um novo canal que começa a tomar corpo, focado principalmente na realidade virtual.
O desafio, a partir deste momento, não está apenas em abrir uma loja ou lançar uma coleção de moda que possa servir para os avatares de um determinado jogo ou plataforma. Essa é a parte simples do processo. Mesmo os tais dos NFT’s são apenas o início de toda essa conversa.
O grande objetivo para quem começa a olhar para esse novo “universo” (desculpe o trocadilho) de possibilidades, está em mais do que criar, unificar esse novo canal com todos os canais presentes na marca.
Algumas possibilidades:
Um consumidor em um mundo de realidade virtual, consegue ao mesmo tempo que comprar uma roupa para o seu avatar em um ambiente virtual, receber a mesma peça de forma física em sua casa?
E o inverso? As mesmas peças de guarda-roupa que tenho hoje em casa, poderiam ser utilizadas em um ambiente virtual? Como consumidor, eu conseguiria comprar nos dois ambientes em uma mesma experiência, ou seriam experiências de compra diferentes?
Como transformar todas as experiências, em experiências as mais próximas possíveis, criando de fato uma experiência de marca?
Agora, vamos mais além.
A gente fala do lado do consumo, mas também há um outro lado.
Se tem uma loja em um ambiente virtual, pode ter um atendente virtual, certo?
Esse atendente poderia ser fruto de programação ou inteligência artificial, ou poderia ser de fato, uma outra pessoa, com um cargo em um ambiente digital, trabalhando nesse ambiente e sendo remunerada por seus atendimentos e vendas, como no mundo real.
O mundo que vivemos, vem mostrando cada vez mais a necessidade de termos ainda de alguma forma, o atendimento humanizado ou algum contato real do outro lado da conversa. As pessoas estão ávidas por boa experiência, e atendimento é parte essencial disso tudo.
Dessa forma, há uma série de cargos, muitos ainda nem imaginados, que podem ser criados para serem operados por pessoas no mundo físico que atuem completamente nessas novas realidades, podendo inclusive, receber em moedas cada vez mais digitais.
Vamos mais além?
A questão da realidade virtual vista de forma interligada é tão cheia de possibilidades, que num futuro que não parece distante, você irá acessar não somente um único ambiente virtual, mas possivelmente um ambiente virtual, que dará acesso à outros ambientes e experiências completamente diferentes.
Poderemos ter em algum momento, por exemplo, uma rede social que carregará mais do que simples vídeos, textos ou fotos, mas ambientes e realidades criadas por usuários e empresas.
Mais do que apenas visualizar conteúdos, iremos vivenciar uma imersão nas propostas de marcas e criadores, sem limites.
Daria para ir mais além, mas acredito que até chegarmos nesse ponto, ainda levará um bom tempo, principalmente para as pequenas e médias empresas de mercado, que tem um desafio extra. Diferente de outros momentos, onde as tecnologias eram uma “opção” das grandes marcas para se manterem à frente de seus mercados, hoje o consumidor pressiona cada vez o mercado como um todo a seguir em um mesmo ritmo, seja em o que vende, como vende, e principalmente como entrega, seu produto e sua experiência. E se vivenciamos isso durante os tempos de pandemia, não será diferente no momento que esses novos canais se tornarem uma demanda do consumidor.
Os desafios hoje estão não somente em estar presente, mas em iniciar de forma integrada toda essa nova conversa entre marcas e consumidores.
Fonte: Administradores.com