Faz alguns dias que publiquei uma reflexão sobre porque o líder deve priorizar as relações pessoais. Curiosamente recebi várias manifestações de apoio em privado. Os poucos que deram sua opinião em público foram aqueles que costumam expressar o que pensam sem receio de represálias. Esse quadro me fez perceber um padrão e considerar a possibilidade de estarmos presenciando uma nova forma de promover censura.
Em Psicologia estudamos o controle e contra-controle em várias situações, porém, em grande parte, do ponto de vista da pessoa que, quando é obrigada a fazer algo que lhe é repulsivo, busca estratégias para evitar uma situação desagradável, ou ainda, controlar o controlador. Resumidamente, o contra-controle surge nas ocasiões em que o sujeito está exposto a situações aversivas de controle e tem poucas opções para se esquivar.
Atualmente, felizmente, a liberdade de expressão é protegida por lei na maioria dos países democráticos. Porém os incomodados por essa proteção legal, que desejam censurar as opiniões contrárias às suas, passam a buscar formas de exercer o contra-controle, ou seja, manter a censura.
O que fazer, então?
Recentemente um portal comentou o caso no qual a candidata presidencial dos EUA, a Senadora Elizabeth Warren, teria sido censurada pelo Facebook, supostamente, por defender suas ideias contra as gigantes tecnológicas. Vale esclarecer que o Facebook voltou atrás rapidamente retirando a censura.
Observa-se ação de contra-controle, ou seja, a prática da censura contra o direito à opinião e à liberdade de expressão.
No ambiente empresarial os processos de censura também são objeto de contra-controle. Dessa forma, sob a justificativa de que a empresa pode ser comercialmente prejudicada, as opiniões divergentes são entendidas como ameaças, sendo suprimidas usando-se, para tanto, o temor da demissão. Em outras palavras, é censura na prática.
Parece que alguns líderes são incapazes de enxergar que a opinião de seus liderados pode ser uma forma genuína para refletir e melhorar as práticas de gestão, e que essas opiniões não intencionam, com poucas exceções, destruir o negócio ou derrubar seus superiores. Assim, muitos executivos de empresas, sem saber como lidar com pontos de vista divergentes, fazem uso da censura e, até mesmo, substituem aqueles que expressam opiniões diferentes das suas.
Fica a reflexão: É, no mínimo, contraditório a empresa querer estimular a inovação, ao mesmo tempo em que não sabe conviver com a criatividade e liberdade de expressão de seus funcionários.
Fonte: Administradores
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