Tenho estudado métodos de aprendizagem enquanto tento adquirir novas habilidades… e adoro aprender coisas novas. Mas ainda enfrento alguns problemas recorrentes.
1. Ficar sobrecarregado. Quanto mais você aprende, mais percebe que há muito para aprender. O iniciante não sabe o quanto terá de estudar, mas assim que começa a explorar, encontra novas cavernas, e elas são imensas. Quando se explora essas cavernas, outras maiores são encontradas. Isso pode sobrecarregar qualquer um, e muitas pessoas eventualmente desistem por conta desse sentimento.
2. O insucesso dá uma sensação ruim. Se você quer aprender a jogar xadrez, irá perder bastante de início. Depois você vai melhorar e continuará perdendo. Na verdade, não importa o quão bom você fique, você continuará perdendo várias vezes. Isso acontece não apenas com jogos, mas também quando você aprende outras línguas, habilidades físicas, assuntos acadêmicos — você vai errar muito. Há maneiras de garantir que os erros sejam raros, mas assim não é possível aprender muito.
3. Às vezes parece que você só está enxugando gelo. Em um mundo ideal, as pessoas aprenderiam em um ritmo vertiginoso, baixando novas habilidades e conhecimentos no cérebro como no filme Matrix. Infelizmente não funciona desse jeito. Você precisa ler e ler, praticar e praticar, e na maior parte das vezes você sequer tem uma melhora perceptível. Outras pessoas parecem aprender a uma velocidade dobrada! Às vezes parece que você não está aprendendo nada. Isso pode ser desencorajador.
4. Sempre há uma forte sensação de incerteza. Humanos em geral não gostam da sensação de incerteza. Nós a evitamos, sentimos medo, raiva ou frustração diante dela. Mas quando você tenta aprender uma nova habilidade, quase tudo é incerteza. Você esquece as coisas constantemente, não compreende nada ou, quando pensa que entendeu, tenta pôr em prática e percebe que não entendeu nada. Esse sentimento de incerteza leva muitas pessoas a desistirem.
Certo, todos nós queremos aprender novas habilidades – idiomas, programação, habilidades físicas, história, matemática, escrita, jogos, tantas coisas. Mas temos que lidar com esses quatro problemas.
Vamos cuidar deles. Veja abaixo quatro fundamentos para superar esses quatro problemas para que você possa aprender qualquer coisa.
Primeiro fundamento: foco mínimo
Sim, é verdade: existe um vasto montante de coisas novas para aprender, e é fácil ficar sobrecarregado. Mas essa verdade se estende para a própria vida — há tanto para ver e fazer, e ninguém jamais poderá fazer tudo. Podemos apenas dar um passo de cada vez.
Portanto não precisamos focar nas inúmeras cavernas que precisam ser exploradas… mas apenas naquelas que estão diante de nós.
Que pequena área você pode estudar nesse exato momento? O que pode ser conquistado de imediato?
Ignore o vasto território desconhecido por enquanto, se desligue do resto do mundo e esteja apenas em um lugar. Estude apenas aquilo. Um pequeno passo por vez, alguns passos a cada dia e conseguiremos explorar muito ao longo do tempo.
Segundo fundamento: vire os erros de cabeça para baixo
Você já viu o vídeo da Inteligência Artificial Deepmind aprendendo a andar? O que mais impressiona é que tudo foi feito por meio da tentativa e erro. Cada erro foi uma lição.
Na verdade é algo bem similar ao nosso próprio aprendizado. Não sabemos que nosso conhecimento é errado até testarmos e percebermos como funciona. Não podemos aprender nada até que muitos erros sejam cometidos no processo.
Até para aprender a andar é assim… cambaleando, caindo, até que pegamos o jeito. É desse jeito que aprendemos a falar, comer com uma colher, etc. É certo que nesses casos temos o benefício de ver alguém fazendo da maneira correta, mas precisamos tentar e errar muito até aprender. Infelizmente, a partir de certo ponto, começamos a temer o erro, mas esse medo só serve para atrasar. Erros são o processo de aprendizado em si. Cada derrota no xadrez, cada erro quando estamos aprendendo a dar um salto para trás são lições.
Portanto, ao invés de olhar para o erro como algo ruim, vire-o de ponta cabeça. Erros são lições, oportunidades para melhorar, um velho e sábio professor nos dizendo onde devemos focar nossos esforços para aprender.
Quando você errar, sorria e agradeça pela lição.
Terceiro fundamento: sinta prazer no processo
É duro quando percebemos que não estamos fazendo nenhum progresso ou que as coisas estão se movendo com lentidão. Queremos chegar ao nível máximo (ou ao menos ser um “iniciante avançado”) o mais rápido possível, e quando a demora é cinco vezes maior do que esperamos, sentimos frustração.
A resposta é esquecer o andamento do progresso e sentir prazer no processo de aprendizado. É como ir a uma caminhada e ter os olhos fixos na beleza do destino final… mas é uma longa jornada e você fica frustrado pela demora. Em vez disso, foque na jornada em si é uma maneira melhor de viajar. Aproveite a paisagem, o esforço, a beleza de cada passo.
Quando aprendemos, em vez de focar em onde queremos estar, podemos aproveitar o momento do estudo. Podemos ser gratos por estarmos onde estamos, por termos a oportunidade de aprender. Podemos aproveitar os erros e progressos que experimentamos até então.
Sempre que você começar a querer que as coisas fossem mais rápidas, é um sinal de que você precisa focar onde está agora.
Quarto fundamento: aprenda a saborear as incertezas
Acredito que a incerteza em aprender algo novo, em estar em um território desconhecido, provavelmente é o mais difícil. Não gostamos dessa incerteza e normalmente nos afastamos dela.
Com a prática consciente, podemos mudar nossos sentimentos acerca dessa incerteza. Podemos começar a encontrar alegria nesse lugar desconhecido, em não estar no completo controle das coisas, de não ter um chão sólido sob nossos pés. Pode parecer estranho, mas é possível. Quando você está tentando aprender a tocar um instrumento musical, fica preso na certeza das músicas já aprendidas nas partituras, porque é fácil seguir instruções escritas. Mas você não aprende de fato até afastar a partitura e tentar tocar sozinho. E você realmente aprende quando tenta praticar sem seguir instruções escritas por outrem — apenas tocando sua própria música, fraseando e improvisando. Claro que muito mais incerteza, e provavelmente irá ficar uma droga. Mas e daí? Divirta-se e crie coisas. Deleite-se nesse espaço de criação e incerteza.
Portanto, a incerteza pode ser aproveitada se pensarmos nela como uma prática — de criação, aprendizado, exploração, curiosidade, descoberta, experimentação, abertura e novidade. Isso se chama coragem.
Seja corajoso hoje, e coloque-se em um lugar de incertezas. E então deixe seu coração se encher com a liberdade do desconhecido e voar sem um plano.
Fonte: Administradores