O mercado de inovação nunca esteve tão em alta no meio corporativo. Corporate Venture Capital, Open Innovation e Corporate Venture Building são algumas das estratégias adotadas pelas empresas para “causar disrupção em seus mercados de atuação”, segundo 40,62% dos profissionais que participaram de um levantamento realizado pela ACE Cortex com cerca de 130 executivos de corporações com o faturamento anual até super a R$10 bilhões.
Porém, fica claro que existem pilares importantes que ainda não são bem compreendidos pelos executivos antes de investir em inovação, seja de dentro para fora (build) ou de fora para dentro (buy) – já explico mais sobre esses termos. E não ter esses alicerces sólidos, pode jogar projetos pelo ralo na primeira crise interna da companhia, quando é necessário realizar alguma restrição orçamentária. Ainda mais no cenário dos últimos 12 meses, no qual o número de empresas focadas em cortar gastos saltou de 11% para 41%.
A depender do nível de maturidade para a inovação da empresa, é possível definir quais formatos são prioritários e de que forma é possível alcançar os resultados esperados. Para isso, ter KPIs (Key Performance Indicator, tradução para Indicador-Chave de Desempenho) de progresso claros e com acompanhamento sistemático desses indicadores ao longo do tempo é fundamental para ter sucesso, bem como clareza de quais veículos de inovação (CVC, CVB, etc) fazem mais ou menos sentido para o estágio da empresa.
Build é quando se realiza a inovação de dentro (construir projetos em casa) para fora: realizar Pesquisa e Desenvolvimento (P&D); Programas de intraempreendedorismo; Squads de Desenvolvimento de Produtos; Corporate Venture Building. Já buy é, como o próprio nome diz, quando se investe em programas de fora para dentro ou em empresas do mercado para potencializar projetos internos: Aceleração e Incubação de Startups; Joint Venture; M&A; Corporate Venture Capital.
Por outro lado, no levantamento que desenvolvemos e que citei há pouco, mostra que a “falta de governança” é o principal entrave para a inovação segundo 43,8% dos respondentes, seguido por “tempo de execução” (42,2%) e “métricas bem definidas” (38,3%).
Nessa mesma pesquisa, apenas um em cada três respondentes (31,25%) acredita que a liderança está “preparada” ou “muito preparada” para conduzir a empresa a um futuro mais inovador. A maioria (64,06%) dos respondentes avaliaram que os líderes não estão nem preparados, nem despreparados, mostrando que na maior parte das corporações a cultura, apesar de falada, ainda não é efetivamente executada.
Apesar da falta de governança estar entre os mais indicados pelos entrevistados como entrave para a consolidação de projetos nas companhias, cerca de 31,25% dos respondentes afirmam que os gestores tratam iniciativas com foco em novos produtos, tecnologia, serviços e modelos de negócio como prioridade.
Ou seja, há uma intenção em criar projetos de inovação nas companhias, porém, isso esbarra na falta de definição de processos, articulação, design organizacional, estratégia conectada com inovação e capacitação desses profissionais sobre como gerir e executar, de fato, projetos para a inovação da companhia.
Este ano a PwC, consultoria de auditoria, publicou a pesquisa intitulada “CEO Survey 2023” onde destacou que os CEOs estão em uma encruzilhada. Um terço dos CEOs no Brasil e no mundo não acredita que suas organizações serão economicamente viáveis em dez anos caso se mantenham no rumo atual – o que exige investimentos urgentes na transformação dos seus negócios. Ao passo que devem transformar o futuro, a maioria lida com as questões de curto prazo.
Em outras palavras, a alta liderança percebeu que, definitivamente, é hora de colocar a inovação em prática, não como um adereço, mas sim como um pilar fundamental da perenidade do negócio e, nesse sentido, o Corporate Venture Building (CVB) é uma ferramenta única, que possibilita às grandes corporações a criação de uma estrutura interna capaz de transformar ideias de colaboradores em novos negócios, assim como endereçar oportunidades de serem pioneiros na mudança do mercado.
Estou bastante convicto que estratégia, inovação e cultura devem andar de mãos dadas. Desta forma, a organização investe nas transformações necessárias para performance e crescimento com sustentabilidade, se capacitada para atuar de forma ágil em um mercado cada dia mais dinâmico e implementar novas tecnologias para ganhos de produtividade (por exemplo Inteligência Artificial) e aumento da experiência e valor gerado para os clientes, seja desenvolvendo em casa (build) ou acelerando com o que existe fora (buy).
Fonte: Administradores