O sucesso dos negócios será alcançado com uma liderança forte e empática, gerenciamento de custos, modelos de negócios ágeis e estratégias flexíveis
Há meses estamos enfrentando um grande teste de resiliência, tanto na vida pessoal quanto profissional. Eu sigo focado na ideia de que cada dia de pandemia é um a menos para vivermos dentro dela. Mas não dá para negar que fico incomodado por não saber quando vamos recuperar nosso direito de ir e vir sem grandes preocupações. Isso, tanto pelo rumo dos negócios, do País e do mundo, quanto pela minha saúde, a sua, a da nossa família e de todo o planeta.
Como gestor, nunca fui de brigar contra as incertezas. No lugar dessa resistência, prefiro buscar formas de adaptação. Acredito ser uma estratégia eficaz para vivenciar o período desafiador, enquanto me torno mais capacitado para superar obstáculos futuros, que certamente virão. Pensando nisso, listo a seguir dez sugestões para que a sua companhia ganhe mais fôlego nos próximos meses:
1- Revise seus procedimentos operacionais
Quando o distanciamento social foi recomendado no Brasil, as empresas precisaram agir rapidamente. Agora, acho importante reservar um tempo para refletir sobre quais políticas e táticas têm funcionado bem e quais precisam evoluir ou serem incluídas, sempre de olho no controle da pandemia na região de atuação da companhia. É preciso ser capaz de responder com eficácia às diretrizes dos órgãos de saúde, caso haja alguma alteração nas recomendações.
2- Formalize as políticas de trabalho remoto
Mais da metade dos executivos entrevistados pela Robert Half (62%) disseram que suas expectativas com relação ao trabalho remoto mudaram positivamente durante a pandemia. Na percepção deles, essa mudança de visão se deve a três fatores prioritários: a continuidade dos negócios foi garantida; a produtividade e a colaboração foram mantidas; e a substituição de reuniões presenciais por videochamadas mostrou-se igualmente eficaz. Sendo assim, recomendo que os líderes comecem a avaliar os prós e os contras de, em um futuro próximo, incluir o trabalho remoto no pacote de benefícios dos colaboradores de maneira definitiva.
3- Recalibre o engajamento
Em pesquisa recente, a Robert Half mapeou que 74% dos empregados estão preocupados com a possibilidade de perder seus empregos como resultado da Covid-19. Além disso, boa parte está reavaliando suas prioridades de carreira, inclusive com disponibilidade para considerar novas oportunidades. Então, sugiro aos gestores que iniciem rodadas de feedback para entender qual é o momento dos colaboradores da equipe, como eles têm se sentido, quais têm sido as dificuldades deste período e quais são as expectativas.
4- Gerencie cuidadosamente os acordos de redução de jornada e salário
O período tem sido de conversas difíceis entre empregadores e colaboradores, principalmente quando o tema é redução de jornada e salário. Nesses momentos, é importante que o líder mantenha um tom respeitoso, compassivo e profissional, independentemente da reação do empregado. Em conversas sobre o tema, atenha-se aos fatos essenciais, de forma clara, objetiva e transparente. Não esqueça de esclarecer como as mudanças irão ajudar a estabilizar ou reconstruir o negócio, além de manter o grupo atualizado sobre a evolução do acordo.
5- Não descuide da segurança da informação
Com a rápida migração do modelo tradicional para o trabalho remoto, muitas empresas se preocuparam em garantir a continuidade do negócio, deixando a segurança da informação em segundo plano. Mas essa situação não pode ser sustentada por muito mais tempo. É importante fazer um mapeamento das vulnerabilidades dos ambientes digitais, incluindo nuvem, dispositivos, soluções, aplicações e plataformas de comunicação e colaboração. Não apenas por uma precaução da empresa, mas também para garantir que o negócio esteja em compliance com as exigências da Lei Geral de Proteção de Dados.
6- Agregue inteligência ao negócio
Simplificar e automatizar os processos e fluxos de trabalho, com soluções de business intelligence, é o segredo das organizações que têm mantido a produtividade com eficiência, independentemente do local de trabalho dos colaboradores. Neste período, a capacidade de reunir, cruzar e analisar dados tem sido fundamental para as estratégias do negócio, seja com relação à produtividade dos colaboradores, aos movimentos do mercado ou a desejos, necessidades e expectativas dos clientes.
7- Reveja as suas práticas como líder
Quase metade (47%) dos 240 profissionais entrevistados pela Robert Half para uma pesquisa sobre home office afirmou que ficam mais produtivos trabalhando de casa. A notícia é um alívio para os gestores que defendem o trabalho remoto ou para aqueles que ainda se mantinham resistentes sobre esse novo modelo de operação e tiveram que fazer a migração às pressas, diante da pandemia. Mas para que o profissional esteja confortável neste novo modelo de trabalho, é importante que ele continue se sentindo parte do time, tenha metas e prazos exequíveis, se sinta valorizado e esteja rodeado por um clima de empatia.
8- Mantenha atenção às horas extras desnecessárias
Em muitos casos, o home office está acontecendo em um ambiente atípico, com a vida pessoal e profissional se esbarrando a todo momento. Então, como gestor, encoraje o colaborador a manter o foco para não precisar fazer horas extras desnecessárias. Com essa iniciativa você contribuirá para que ele conquiste o tão sonhado equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Mantenha atenção também às oportunidades de oferecer férias.
9- Avalie a composição das equipes
Pouco mais da metade dos profissionais entrevistados pela Robert Half (52%), afirmou estar trabalhando mais horas do que antes da pandemia. Então, recomendo que você faça um mapeamento da realidade do seu time. A ideia é avaliar a necessidade de redistribuir tarefas, aumentar a equipe ou contratar um profissional de projetos, cujo cargo pode variar de analista a diretor, para assumir alguma demanda extra pontual. A pandemia tem muito a nos ensinar sobre composição de equipes.
10- Priorize a saúde dos colaboradores
No retorno ao escritório, os empregadores entrevistados pela Robert Half dividem-se entre algumas medidas, tais como: recomendar que os funcionários usem máscaras; implementar melhores protocolos de limpeza; realizar menos reuniões e treinamentos presenciais; escalonar o horário ou o dia de trabalho dos colaboradores; e alterar o layout do escritório. Já com relação ao bem-estar emocional dos profissionais, as medidas incluem oferecer aconselhamento confidencial e oportunidades adicionais de treinamento voltadas ao desenvolvimento pessoal ou profissional. Todas essas medidas são importantes para que o colaborador se sinta acolhido em um momento tão delicado.
Acredito que, nos próximos meses, o sucesso dos negócios será alcançado por uma combinação de liderança forte e empática, gerenciamento de custos eficaz, modelos de negócios ágeis e estratégias flexíveis. Em casos como o que estamos vivendo, a proatividade na gestão de risco será sempre um bom caminho para garantir a saúde da equipe e dos negócios.
*por Fernando Mantovani
Fonte: Exame
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