O crescimento da economia do Brasil acelerou no terceiro trimestre com o avanço do setor de serviços, do consumo e do investimento e registrou o melhor ritmo desde o início do ano passado, mostrando recuperação após a greve dos caminhoneiros ainda que em um ritmo gradual.
Entre julho e setembro, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 0,8% sobre o segundo trimestre, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na sexta-feira.
O dado representa a leitura mais forte desde a alta de 1,1% verificada no primeiro trimestre de 2017 e mostra aceleração em relação ao período de abril a junho, em um efeito diretamente ligado ao fato de a atividade ter sido fortemente deprimida pela greve dos caminhoneiros, em maio.
No segundo trimestre, houve expansão de 0,2%, taxa que não foi revisada pelo IBGE.
“O resultado agora tem muito efeito da base que foi afetada pela greve dos caminhoneiros. Estamos em trajetória ascendente com sete trimestres de taxas positivas, mas o ritmo é gradual orientado pela demanda interna”, explicou a economista do IBGE Rebeca Palis.
Na comparação com o terceiro trimestre de 2017, a economia do País apresentou expansão de 1,3%, resultado mais forte desde o quarto trimestre de 2017 (2,2%).
As expectativas em pesquisa da Reuters com analistas eram de expansão de 0,8% do PIB no terceiro trimestre sobre o período anterior e de 1,6% na comparação com um ano antes.
A pesquisa do IBGE mostrou que no período o destaque foi o aumento de 6,6% na Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) em um cenário em que os juros permanecem em mínima histórica e em que os investimentos ficaram travados durante a greve. Essa é a taxa de crescimento mais forte dos investimentos desde o quarto trimestre de 2009 (7,1%).
Parte disso está ligada aos efeitos da adoção do Repetro, um regime tributário especial para as atividades de exploração, desenvolvimento e produção de petróleo e gás no País. “A explicação passa pelo fator específico do Repetro, mas majoritariamente porque o investimento é mais sensível à atividade econômica, reage mais rápido à mudança na confiança”, explicou o economista do Banco Votorantim, Carlos Lopes.
Ainda do lado das despesas, o consumo das famílias avançou 0,6% no terceiro trimestre sobre o anterior, enquanto o consumo do governo teve alta de 0,3%.
“O consumo das famílias foi estimulado pelos juros mais baixos, inflação baixa, melhoras nos indicadores de emprego, e houve uma expansão nas operações de crédito”, disse Rebeca.
Na ótica da produção, o aumento de 0,5% da atividade de serviços exerceu a principal influência para o resultado do PIB do terceiro trimestre, ainda que a agropecuária tenha subido 0,7%. Já a indústria apresentou crescimento de 0,4% no período.
A atividade econômica se firmou durante o terceiro trimestre, mas ainda opera com alto grau de ociosidade e com o desemprego elevado no país. Até outubro, o País foi marcado pelas incertezas em torno das eleições e, agora, o foco se volta para o avanço das reformas fiscais, destacadamente da Previdência.
Na pesquisa Focus conduzida semanalmente pelo Banco Central, a projeção mais recente é de um crescimento do PIB este ano de 1,39%, avançando para 2,5% em 2019.
“O consumo das famílias deve ter uma moderação à frente, mas os resultados se mantiverem perto de 0,5% (nos dois trimestres seguintes), compatível com uma recuperação sólida da economia, chegamos perto de 2,5% no ano que vem”, completou Lopes.
Fonte: Diário do Comércio
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