Aumento da riqueza do Estado neste ano pode chegar a 1% se o desempenho dos serviços for mantido.
O Produto Interno Bruto (PIB) de Minas Gerais somou R$ 207,9 bilhões no primeiro trimestre de 2022. O número indicou aumento de 0,7% frente ao dado observado no trimestre imediatamente anterior e de 1,5% em relação ao mesmo período do ano passado.
O grupo de energia e saneamento puxou o desempenho da atividade econômica do Estado frente aos últimos três meses do exercício anterior, enquanto o setor de serviços liderou o crescimento na comparação anual.
Na outra ponta, a indústria extrativa teve o pior resultado em relação ao quarto trimestre do ano passado, enquanto a agropecuária puxou para baixo o desempenho sobre o primeiro trimestre de 2021. Para o acumulado do exercício é esperado um crescimento da atividade econômica mineira da ordem de 1% sobre o exercício passado.
Os dados foram apresentados pela Fundação João Pinheiro (FJP), responsável pelo cálculo oficial da soma dos bens e serviços produzidos no Estado. E segundo o professor e pesquisador da instituição, Raimundo Leal, as perspectivas para o desempenho dos próximos trimestres dependerá de uma série de condicionantes. Entre elas, a continuidade do bom resultado do grupo de serviços.
Conforme Leal, caso o setor continue aquecido e traga outras contribuições para a atividade econômica, é possível que o Estado finalize o ano com crescimento da ordem de 1%. Ele pondera que o mesmo não deverá ocorrer com a indústria – que “anda de lado nos últimos meses”.
“Não será possível contar com uma recuperação da produção industrial, mas a agropecuária com certeza vai trazer sua contribuição para a atividade econômica. A questão é como o setor vai compensar ou anular o marasmo da indústria da transformação. Mas, sobretudo, o que vai determinar o resultado do ano será o esgotamento ou não da recuperação do nível de atividade dos serviços – passado o pior momento da crise causada pela pandemia de Covid-19”, argumentou.
Eleições e inflação influenciam
O que também deverá influenciar no resultado é o período eleitoral e a inflação em patamares recordes. Sobre as eleições, o professor explicou que embora o período fomente a administração pública, os efeitos não deverão ser muito significativos. Já a curva inflacionária, segundo ele, vai cobrar um preço elevado na atividade econômica de todo o País.
“A maior parte do que temos observado de efeito negativo na indústria está relacionada à inflação, que está corroendo de maneira muito agressiva o poder de compra da população trabalhadora. Houve recuperação da fabricação de produtos alimentícios, mas a partir das exportações e não do mercado interno. A inflação vai continuar cobrando seu preço. Ela tem sido um dos motores da queda da demanda pelos bens de consumo e isso reflete o desempenho pífio da produção manufatureira”, afirmou.
Atividade econômica por setores
A produção de riquezas a partir da atividade econômica do Estado somou R$ 207,9 bilhões em valores correntes. Deste total, R$ 183 bilhões foram referentes ao Valor Adicionado (VA) a preços básicos e R$ 24,9 bilhões aos Impostos sobre Produtos líquidos de Subsídios. Vale destacar que a agropecuária somou R$ 18,4 bilhões (10,1% do total), a indústria R$ 48,7 bilhões (26,6% do total) e os serviços R$ 115,9 bilhões (63,3% do total da atividade econômica).
Concluindo, na comparação com o primeiro trimestre do ano passado, a agropecuária apurou queda de 1,5% e a indústria de 1%. O subsetor extrativo mineral registrou a maior baixa: -4,3%. Variação negativa também foi observada na indústria de transformação (-1,5%). O subsetor da construção civil (9,1%), por sua vez, teve sua quinta alta consecutiva.
Além disso, o subsetor de energia e saneamento (0,9%) reverteu a tendência negativa observada nos dois últimos trimestres. O valor adicionado dos serviços subiu 3,8% na comparação com o mesmo período do ano anterior. E as atividades que apresentaram alta foram: outros serviços (10,6%), administração pública (2,6%) e transportes (1,4%). A atividade de comércio (-0,6%) foi a única negativa.
Fonte: Diário do Comércio