A Capgemini, em conjunto com o LinkedIn, a maior rede profissional do mundo, lançou hoje um novo relatório global sobre a carência de talentos digitais, analisando a demanda e a oferta de profissionais com habilidades específicas, assim como a disponibilidade de vagas em múltiplas indústrias e países. O relatório The Digital Talent Gap – Are Companies Doing Enough? (em livre tradução: A Lacuna dos Talentos Digitais – As Empresas Estão Fazendo o Suficiente?) revela as preocupações dos empregados ao avaliarem as próprias capacidades digitais[1] e a falta de recursos de treinamento disponíveis em seus locais de trabalho. Destaque para o fato de que quase 50% dos funcionários – ou algo como 60% entre os profissionais digitalmente capacitados[2] – investem o próprio dinheiro e tempo adicional – além do horário de trabalho – no desenvolvimento de conhecimentos digitais por conta própria.
Todas as organizações participantes da pesquisa reconhecem que a lacuna digital está se ampliando. Mais da metade (54%) delas concordou que esse “gap” está dificultando seus programas de transformação digital e que sua empresa perdeu vantagem competitiva devido à escassez de talentos digitais.
Mesmo com a crescente falta de talentos, os orçamentos para a capacitação dos profissionais em tecnologias digitais seguem no mesmo patamar ou foram reduzidos em mais da metade nas companhias entrevistadas (52%). Enquanto 50% delas continuam a promover discussões sobre a falta de talentos digitais em sua equipe, mas não fazem muito para resolvê-la.
Muitos profissionais estão preocupados no momento com a possibilidade de suas habilidades já serem redundantes ou que logo venham a ser consideradas como tal. No geral, 29% dos empregados acreditam que seus conhecimentos sejam redundantes atualmente ou que o serão em um ou dois anos, enquanto mais de um terço deles (38%) considera que seu conjunto de habilidades se tornará redundante nos próximos 4 a 5 anos. Mais especificamente, quase a metade (47%) dos profissionais que se encaixam nas Gerações Y e Z acreditam que seus conhecimentos atuais se tornarão redundantes em 4 ou 5 anos.
Do ponto de vista da indústria, 48% dos profissionais do setor automotivo acreditam que seu conjunto de habilidades se tornará redundante nos próximos 4 a 5 anos, seguidos pelos empregados do setor bancário (44%), de serviços (42%), telecomunicações e seguros (ambos 39%), de acordo com o relatório.
Os empregados também sentem que os programas de treinamento oferecidos pelas organizações não são tão eficazes. Mais da metade dos talentos digitais afirmaram que os atuais programas de capacitação não são úteis ou apontam não ter tempo para participar das iniciativas oferecidas. E praticamente a metade deles (45%) descreveu os programas de treinamento de sua organização como “inútil e chato”.
As preocupações com a redundância de habilidades e a falta de confiança nos esforços de capacitação e aprimoramento das organizações têm o potencial de desencadear demissões voluntárias. Mais da metade dos funcionários com talentos digitais (55%) afirmaram estar dispostos a mudar para outra organização, caso sintam que suas habilidades digitais estejam estagnadas com seu empregador atual, enquanto quase a metade dos profissionais (47%) admitiu a probabilidade de “gravitar” entre empresas que ofereçam melhores oportunidades de desenvolvimento de seus conhecimentos digitais.
Por outro lado, os empregadores revelam a preocupação com uma eventual debandada de profissionais altamente qualificados. Pouco mais da metade das corporações (51%) acredita que seus funcionários poderão deixar o atual emprego mesmo depois de receberem treinamentos, e metade delas (50%) reconheceu que suas iniciativas de treinamento relacionadas ao desenvolvimento de habilidades digitais não têm grande adesão.
Claudia Crummenerl, chefe de Liderança Executiva e Mudanças da Capgemini, explicou: “As organizações enfrentam um gigantesco desafio em relação à capacitação digital de alto nível. Dado que a redundância de habilidades é uma preocupação fundamental entre os empregados entrevistados, garantir um caminho de desenvolvimento claro é essencial para que essa questão seja endereçada rapidamente. No futuro, o abismo de talentos digitais continuará aumentando, de modo que nenhum empregador poderá parar e se estabilizar confortavelmente. As organizações precisam inovar consistentemente e planejar a evolução de sua força de trabalho”.
O relatório identificou uma alta demanda por profissionais que reúnam habilidades do tipo “hard digital skills”, com experiências em áreas como Análise Avançada, Automação, Inteligência Artificial e Cybersegurança. No entanto, aqueles que detém as chamadas “soft digital skills”, tais como foco no cliente e a paixão por aprender, são os mais procurados pelas empresas, pois estas características são cada vez mais importantes em um bom profissional digital. A maior lacuna em “soft digital skills” está em se sentir confortável com temas como ambiguidades e colaboração.
Com base na análise dos dados fornecidos pelo LinkedIn para este relatório, em média, os Cientistas de Dados e Desenvolvedores Full Stack foram os mais procurados no ano passado. Abaixo trazemos uma lista das 10 principais posições digitais que deverão ter o maior destaque nos próximos 2 a 3 anos, por ordem das mais procuradas:
Tuck Rickards, diretor-gerente da Russell Reynolds, empresa de recrutamento executivo, aconselhou: “As empresas precisam reconhecer que os talentos digitais são um pequeno grupo de pessoas que, constantemente, recebe diversas boas ofertas que competem por sua atenção. As empresas podem não conseguir engajar esses profissionais da mesma maneira que o fazem com uma base típica de funcionários, eles precisam ser inteligentes em sua abordagem”.
A Capgemini trabalhou em colaboração com o LinkedIn para analisar a demanda e a oferta globais de habilidades digitais específicas, assim como a disponibilidade de posições relacionadas às tecnologias digitais em diversos países e setores. Para isso, a Capgemini entrevistou 753 empregados e 501 executivos ocupantes de posições em níveis de diretoria ou superiores em grandes empresas, com receitas reportadas de mais de US$ 500 milhões para o exercício de 2016 e mais de mil funcionários. A pesquisa foi realizada entre junho e julho de 2017 e cobriu nove países – Alemanha, Espanha, Estados Unidos, França, Holanda, Índia, Itália, Reino Unido e Suécia –, e sete setores da indústria – Automotivo, Bancário, Bens de Consumo, Seguros, Serviços, Telecomunicações e Varejo.
Fonte: Mundo RH