O mundo está cada vez mais ansioso. O problema afeta a vida pessoal e profissional, e Sofia Esteves ensina a tirar a pé do acelerador
Qual foi a última vez que você parou para prestar atenção no que estava comendo? Quantas vezes se permitiu simplesmente não fazer nada? Ou disse não para mais uma tarefa que não era tão importante assim? E, quantas vezes compartilhou um momento com sua família, ou amigos, para falar sobre a vida sem se preocupar com o tempo?
Vivemos uma epidemia global e não estou falando do Covid-19. O mundo está se tornando cada vez mais ansioso.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, 260 milhões de pessoas sofrem com ansiedade no planeta e no Brasil, 86% dos brasileiros lidam com sintomas de ansiedade, ou depressão.
É muita gente e precisamos parar de normalizar essa situação como uma mera consequência do ritmo de vida necessário para sustentar o capitalismo tradicional.
Em contrapartida a aceleração tecnológica e, consequentemente, do mercado, saber desacelerar é o principal ingrediente para uma vida saudável, equilibrada e veja só, mais criativa e genuinamente produtiva!
Esse é o convite do Movimento Slow Living (viver lentamente), que teve sua origem em Roma, na década de 80 com o Movimento Slow Food, liderado pelo jornalista Carlo Petrini. A proposta nasceu em
combate ao fast food e priorizava a valorização do ato de comer com calma e com qualidade nos alimentos.
Gradualmente, o ato se transformou em movimento foi incorporado a outros setores da vida e da sociedade, que também sofriam as consequências do que alguns estudiosos chamam de “aceleração social do tempo”. Hoje, já é considerado uma estratégia para assegurar a saúde física e mental de diversos lugares, como o Japão, por exemplo.
O país, reconhecido pelo ritmo acelerado, desde 2003 busca desenvolver como estratégia governamental a aproximação com o bem-estar de seus moradores. O trabalho foi iniciado pela prefeitura de uma pequena cidade, chamada Iwate.
Elaborou-se a adoção de uma conduta coletiva de desaceleração. Isso mesmo, a política governamental de uma cidade inteira busca desacelerar: no trânsito, nas compras, na moradia, na alimentação, na indústria e até na educação! Lembrando que, o Japão sofreu por anos com os suicídios dos seus adolescentes devido a pressão cultural em serem excelentes o tempo todo.
Além desta iniciativa, existem outras espalhadas pelo mundo, como: o Clube da Preguiça, no Japão, a Fundação Longo Agora, dos Estados Unidos e a Sociedade Europeia para a Desaceleração do Tempo.
A proposta do movimento Slow Living não visa realizar as atividades devagar, mas sim em fazer uso consciente do tempo e assim valorizar a qualidade de vida e o equilíbrio entre a satisfação pessoal e profissional. Desacelerar é parar e respirar. Pensar quando a velocidade e a correria fazem sentido e quando não fazem e você corre, simplesmente, porque isso é o considerado “normal”.
Quantas vezes você já se pegou com pressa, ansioso e dando conta de mil tarefas e com a sensação de que mal parou para pensar no que estava fazendo? Ou de que não esteve presente, de verdade, em nada que realizou? Desacelerar é justamente ter atenção ao que se faz.
Desacelerar, portanto, não é tarefa simples. Passa pelo autoconhecimento, pela consciência da relação com o tempo e por escolhas relacionadas as suas prioridades. No entanto, a longo prazo, o resultado é uma mente mais equilibrada e uma vida mais criativa e saudável – o que impacta diretamente no seu desempenho profissional e na tomada de decisões mais assertivas.
6 ações para aplicar o Slow Living na sua vida
Boa reflexão e boa jornada!
Fonte: Exame