Bem-estar e saúde mental são temas que, definitivamente, entraram na pauta da gestão corporativa a partir da pandemia. Oferecer ferramentas e até mesmo ajuda especializada para garantir a qualidade de vida dos funcionários passou a fazer parte da estratégia das diretorias de recursos humanos das empresas para garantir a produtividade e atrair e reter talentos.
Um dos problemas que tem afetado diretamente o desempenho de muitas equipes e, em especial, dos líderes, é a Síndrome do Impostor. Recente pesquisa da Universidade Dominicana da Califórnia mostra que 70% das pessoas que estão no mercado de trabalho já se sentiram insuficientes ou temeram por ser ‘’descobertas como incapazes’’ para merecerem o cargo que exercem.
A ‘’Síndrome do Impostor’’ é a prática de se autossabotar e desacreditar de si mesmo. Há pouco tempo o fenômeno vem ganhando forma de debate na psicologia e no enfrentamento à baixa autoestima, principalmente no ambiente de trabalho.
De acordo com a mentora de executivos, Liris Gonçalves, a insegurança sempre fez parte da vida de grande parte dos profissionais, mas a “Síndrome do Impostor” é quando esse sentimento, que é comum aos seres humanos, cresce e afeta a saúde mental e a vida profissional das pessoas.
“Durante muito tempo usamos o termo ‘síndrome da impostora’ – no feminino – porque os primeiros estudos foram feitos com mulheres, mas embora haja uma leve predominância feminina, hoje sabemos que o problema afeta a todos. As mulheres têm uma sobrecarga cultural e de trabalho porque a maioria, além da dupla jornada, enfrenta outras pressões como a estética, por exemplo. A síndrome nasce da insegurança e pode levar a quadros de prostração e procrastinação. As empresas perdem competitividade e chegam a perder talentos por causa disso”, explica Liris Gonçalves.
O acometimento maior em profissionais de liderança está ligado, possivelmente, ao grau mais alto de escolaridade e ao acúmulo de responsabilidades. Por isso, quando o profissional se depara com situações que exigem autoconfiança elevada, pode surgir um sentimento de fraude, independentemente do gênero ou cargo ocupado.
Para a especialista, as empresas precisam fazer um mapeamento das habilidades dos seus colaboradores, identificar os que realmente têm interesse em seguir carreira como líderes e promover treinamentos que gerem o autoconhecimento e a expansão da consciência. Segundo ela, as empresas erram nas avaliações de desempenho ao prestar mais atenção nas fraquezas do colaborador ou das equipes. O correto seria investir naquilo em que são bons.
“Geralmente, quanto mais as pessoas estudam, mais elas entendem que sabem muito pouco, o que pode trazer angústia. Isso somado às grandes responsabilidades e ao mindset mais aberto pode ser explosivo se não for bem trabalhado. Fomos criados para não errar, mas isso é impossível. As pessoas e as empresas precisam aprender a conviver com a incompletude de cada uma e a complementaridade dos grupos”, pontua a mentora de executivos.
Fonte:Diário do Comércio