Ele ressaltou a importância de monitorar cenário mundial e a necessidade de alguns países europeus determinarem medidas após novos surtos de coronavírus
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, voltou a dizer nesta quarta-feira, 22, que o fundo do poço da crise decorrente da pandemia de covid-19 ocorreu em abril e no começo de maio. “O 3º trimestre terá menos incerteza sobre o ritmo de atividade e o 4º trimestre, menos incerteza ainda”, afirmou, em videoconferência organizada pelo jornal Valor Econômico.
Ele ressaltou a importância de monitorar o cenário mundial e citou a necessidade de alguns países europeus determinarem novas medidas de isolamento social após novos surtos de contaminação pelo novo coronavírus.
“Nos Estados Unidos e no Brasil não tem segunda onda. Em países continentais há uma dificuldade em entender o que é a ‘primeira onda’. Já em alguns países europeus tem havido alguma volta (da covid-19) e isso é fundamental para as expectativas”, completou.
Segundo Campos Neto, quando se adotou o distanciamento social no Brasil, o índice de mobilidade caiu para 50% a 55%. “O corredor de distanciamento social no Brasil está mais estreito. Quando o corredor de distanciamento é mais estreito, o custo-benefício de fazer é pior”, concluiu.
Pacotes
O presidente do Banco Central disse também que, após o pior período da crise mundial causada pela pandemia de covid-19, alguns grandes países estão discutindo se precisarão de novos pacotes de incentivo.
“Houve um choque abrupto de aversão ao risco em emergentes e em países desenvolvidos, mas a volta não tem sido proporcional. Em alguns países avançados os indicadores de risco já voltaram para os níveis de janeiro, mas nos emergentes não, ao contrário de 2008, quando os emergentes voltaram primeiro”, afirmou.
Segundo o presidente do BC, há uma discussão sobre a capacidade dos emergentes em superarem essa crise. “Isso mostra a importância de preservar o ambiente de alocação de recursos em crises como essa”, completou.
Conversibilidade do real
O presidente do Banco Central defendeu que a conversibilidade da moeda pode reduzir a volatilidade do real frente ao dólar, porque a demanda pela moeda americana tende a se reduzir.
“Temos um caminho longo para volatilidade e antes disso precisamos simplificar as operações de câmbio, que tem uma legislação muito antiga. O projeto de simplificação já enviado ao Congresso é muito mais importante que a conversibilidade”, afirmou.
Segundo Campos Neto, a conversibilidade do real é diferente de uma internacionalização da moeda, mas um processo depende do outro. “Se conseguirmos realizar todas as mudanças propostas, lá na frente o real terá uma credibilidade muito maior”, completou.
Autonomia do BC
O presidente do Banco Central reconheceu que a ordem de prioridades do Parlamento mudou durante a pandemia de covid-19, mas reafirmou que o Congresso está maduro para votar o projeto de autonomia do BC.
“A ideia é votar no Senado em torno de 15 de agosto. Diversos parlamentares consideram importante a autonomia do BC até mesmo para dar poderes à instituição para agir em momento de crise como a atual”, afirmou.
Fonte: Infomoney
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