Lembra quando ter uma conta verificada nas mídias sociais era um sonho para a maioria dos influenciadores e criadores, e algo essencial para marcas reafirmarem sua autenticidade? Bom, esse sonho agora tem um preço e pode ser adquirido por qualquer pessoa no Twitter, Facebook e Instagram.
Desde que apareceu pela primeira vez no Twitter em 2009, o ícone azul busca sinalizar contas de empresas notáveis e figuras públicas. Primeiro no Twitter e seguido pelo Instagram em 2014, esse selo costumava ser um processo gratuito para todas as contas que cumprissem alguns requisitos específicos, um deles relacionado à criação de conteúdo relevante.
“Costumava ser”, no passado, porque cada vez mais parece que estamos entrando em uma nova era para contas verificadas nas redes sociais. Neste artigo, vamos nos aprofundar nessa mudança e explicar um pouco mais sobre o que você pode esperar daqui para frente.
Como mencionamos, tudo começou no Twitter em 2009, após uma briga judicial entre o Twitter e a lenda do beisebol Tony La Russa. Toda a situação envolvia outra conta de usuário tentando se passar por Tony no site do passarinho azul e, na época, não havia uma maneira fácil e eficaz de distinguir entre pessoas reais e contas falsas. Como resposta a esse processo, o Twitter revelou o selo de verificado para ajudar a identificar impostores.
Seguindo os mesmos passos, o Instagram lançou a marca azul em 2014, logo após atingir 300 milhões de usuários em todo o mundo e se tornar maior que o Twitter. Teria sido uma cutucada no Twitter, talvez? Não podemos dizer com precisão, mas o objetivo era o mesmo: melhorar a autenticidade e manter o Instagram livre de contas falsas e de spam.
Como você pode ver, o carimbo nas mídias sociais tinha apenas um propósito desde o primeiro dia, e era tudo sobre autenticidade: uma palavra muito reivindicada no mundo digital. Mas agora as coisas estão prestes a mudar, aparentemente.
Twitter Blue
O primeiro sinal de mudança apareceu no final de 2022, após um ano bastante polêmico no Twitter. Para refrescar a memória bem brevemente, em novembro daquele ano, logo após se tornar o novo CEO do Twitter, Elon Musk lançou a primeira versão do Twitter Blue, seu serviço de assinatura premium que permite a qualquer usuário adquirir o selo azul por apenas US$ 8 por mês.
A coisa toda ficou um pouco caótica quando várias contas falsas começaram a se passar por marcas e identidades relevantes no aplicativo. Assim, rapidamente ficou claro que o Twitter não estava pronto para começar a vender o selo azul, e Elon Musk deu um passo atrás e “matou” o Twitter Blue poucas horas depois de lançá-lo. Após tempo suficiente para estabelecer critérios melhores (e robustos) para não deixar o caos reinar, o plano foi relançado um mês depois.
Agora é oficial: qualquer conta do Twitter que atenda aos critérios de elegibilidade poderá comprar o selo de verificado a partir de US$ 8 por mês e se tornar uma conta verificada. E, desta vez, parece que o Twitter Blue veio para ficar: a Central de Ajuda do Twitter já fala dos critérios anteriores (aqueles baseados em autenticidade) como “critérios de verificação preexistentes”.
Meta Verified
E como um dejá-vù, a Meta mais uma vez seguiu os mesmos passos e anunciou os primeiros testes do Meta Verified para Instagram e Facebook, a partir de US$ 11,99 por mês. Pelo menos, eles aprenderam com os erros do Twitter e estão disponibilizando-o em fases: basicamente, pedindo aos usuários que se inscrevam em sua lista de espera, em vez de permitir que todos comecem a assinar o serviço de uma só vez.
Como fracassou a primeira tentativa do Twitter de cobrar pelo selo de verificado, parece ousado ver o Twitter (e agora a Meta!) insistindo nesse caminho. Mas, se formos mais fundo, todo movimento tem uma razão; e para o Twitter Blue e o Meta Verified, não é diferente.
Uma previsão recente da Magna, uma empresa de investimentos em mídia do Interpublic Group of Cos.’ Mediabrands, diz que o crescimento global da publicidade em 2023 será contido; e para as plataformas de mídia social, a publicidade é praticamente uma das principais fontes de receita.
Além disso, as coisas para o Twitter estão ainda mais tumultuadas, já que a plataforma já perdeu muitos de seus principais anunciantes no ano passado e está tentando desesperadamente tornar a plataforma lucrativa novamente testando diferentes abordagens. Tendo isso em mente, faz sentido ver esses dois gigantes tentando encontrar outras formas de gerar receita. Desta vez, através de assinaturas.
Uma curiosidade é que o TikTok segue com os mesmos critérios de verificação de sempre: a plataforma que mais cresceu em 2022 ainda não apostou na verificação paga. Coincidência? Eu não acho.
De qualquer forma, independentemente do motivo que nos levou a isso, estamos entrando em uma nova era para as mídias sociais, e não podemos negar isso. Pode não parecer, mas dá para dizer que as coisas vão mudar muito depois desse pequeno (mas extremamente importante) movimento.
Estas são as nossas apostas para um futuro próximo.
Já estamos acostumados com serviços de streaming, como Netflix e HBO Max. Nós aprendemos a pagar para ter a flexibilidade do que assistir na palma da mão. Ter essa mesma mentalidade em relação às redes sociais ainda é novidade para nós, mas parece ser uma tendência crescente.
Começando com o Telegram Premium, o mais novo serviço de assinatura do Telegram que oferece uma experiência exclusiva para os usuários, com recursos adicionais e lançamentos de novos recursos em primeira mão. E, bom, se prestarmos mais atenção no Twitter Blue e no Meta Verified, ambos também oferecem uma experiência exclusiva (com recursos exclusivos) para seus assinantes, assim como o Telegram Premium.
O Twitter Blue, por exemplo, permitirá a publicação de tweets de até 4.000 caracteres, uploads de vídeos mais longos, prioridade nas respostas em conversas e outros recursos para melhorar a experiência do usuário. Não muito longe disso, o Meta Verified promete aumentar a visibilidade de seus assinantes e recursos exclusivos no Facebook e Instagram.
Outra moeda de troca importante para o Twitter Blue e o Meta Verified é a segurança: ambos aumentarão a segurança digital e a proteção da conta dos usuários se eles decidirem pagar por isso. Na era da GDPR e LGPD, essa abordagem se encaixa bem.
Esse ponto não foi muito difícil de adivinhar, mas as plataformas de mídia social não estão mais recompensando os usuários exclusivamente com base na autenticidade. E pior: estão colocando um preço nisso.
Ainda é cedo para dizer, mas isso pode mudar toda a dinâmica a que já estamos acostumados. No Twitter, por exemplo, tweets com mais engajamento costumavam aparecer no topo da conversa; agora custará apenas US$ 8 por mês para fazer isso.
Mas se todo mundo começar a pagar por isso, o que vai acontecer? A autenticidade voltará à equação? Quero muito ver isso colocado em prática, de verdade.
Para as marcas, é importante ficar de olho para não cair nessa armadilha: a autenticidade pode não ser mais tão valiosa para o Twitter e Meta, mas ainda é muito importante para o seu cliente.
Fonte: Rock Content