Quando você pensa em um profissional de sucesso, qual imagem surge em sua mente? Confira a coluna da Sofia Esteves
Ao longo da vida, a família, amigos, escola, filmes, novelas, além da publicidade e suas estratégias, nos ensinaram quais eram as referências a ser seguidas, o tal “padrão”. E o que acontece com quem não se encaixa nesses pré-requisitos?
Quando você pensa em um profissional de sucesso, qual imagem surge em sua mente? Vamos supor que você precise escolher alguém de seu time para ser promovido a gerente: você deve optar entre um homem branco, sem filhos e uma mulher, mãe.
Não sei você, mas, infelizmente, muitos ainda escolheriam o homem. Afinal, mães não têm a mesma capacidade de dedicação à empresa como os homens. Se você achou esse tipo de pensamento ultrapassado, que bom!
Porém, essa é uma crença equivocada que acompanha a carreira das mulheres há muitos anos — o que resulta, na maioria das vezes, na exclusão das mães pelo mercado de trabalho.
Falando em crenças, pergunte a um profissional negro quantas vezes ele foi confundido com o segurança, ou profissional de limpeza de uma empresa, mesmo que não estivesse usando roupas que apontassem para isso. Ou, quantas vezes presenciou alguém mudando de calçada, apenas porque o viu caminhando em sua direção?
Esses julgamentos e generalizações impactam todas as nossas relações, mas um dos aspectos mais afetados por ele, e que vem sendo bastante discutido nos últimos anos, é a diversidade no mercado de trabalho.
Afinal, já ficou claro como toda essa conjuntura cria desigualdade no acesso às oportunidades, não é mesmo?
Nossos julgamentos são controlados pelos vieses inconscientes
Vieses inconscientes são preconceitos incorporados no nosso dia a dia e estão baseados em estereótipos de gênero, raça, classe, orientação sexual, idade etc. Eles afetam nossas ações e julgamentos sem que prestemos atenção.
Em outras palavras, são crenças que fomos levados a acreditar e que ditam nosso comportamento, de forma tão natural, que nem questionamos — quer dizer, não questionávamos!
No entanto, qualquer tipo de pré-conceito, generalização, julgamento sem conhecimento, ou exclusão sem justificativa, é um viés inconsciente em ação.
Digo isso para que você não caia na armadilha de pensar: eu não tenho nada disso! Não tenho pré-conceitos. Todos nós julgamos, é um fato. Aceitar isso é o primeiro passo em direção à desconstrução desse hábito!
Conheça os tipos mais comuns de vieses inconscientes:
Viés de afinidade: é a tendência de avaliar melhor quem se parece conosco, como em questões de gênero, raça, idade, histórias de vida, entre outros.
Viés de percepção: quando reforçamos estereótipos que são definidos por influência da sociedade ou cultura na qual estamos inseridos.
Viés confirmatório: procuramos informações que confirmem nossas hipóteses iniciais e rejeitamos as que são contrárias.
Efeito de halo/auréola: exibimos uma preferência inconsciente com apenas uma informação positiva ou agradável da pessoa, o que nos leva a avaliar positivamente o restante das informações.
Efeito de grupo: seguimos o padrão de um grupo. A pressão que é colocada pelo grupo pode fazer com que todos busquem convergir com a mesma ideia.
Analise cada um desses pontos e reveja como você tem lidado com suas relações. Por exemplo: em seu dia a dia, você convive com quantas pessoas diferentes de você, que estão fora de seu padrão? Inclusive, no seu ambiente profissional?
Como se libertar dos vieses inconscientes?
Para não cair nas armadilhas dos vieses, sempre questione sua primeira impressão sobre alguém. Busque perguntar mais e supor menos, conhecendo melhor as pessoas por suas singularidades e não pelo que suas imagens possam representar a você.
É um exercício diário. Afinal, você foi ensinado por anos a pensar de forma limitada. É natural que leve um tempo para desconstruir pensamentos ultrapassados. É necessário paciência, mas também muita ação!
Invista no autoconhecimento, na empatia e na curiosidade e descubra como integrar a pluralidade à sua vida é muito mais interessante para sua carreira, para suas relações e, claro, para a sociedade. Conto com você!
Boa jornada!
Fonte: Exame
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