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Afinal, o que é Economia Regenerativa?

27 de junho de 2022 / Consultoria / por Comunicação Krypton BPO

Qual o valor monetário de uma forma, cor, espécie, cultura ou serviço ecossistêmico? É muito provável que essa pergunta não tenha uma resposta correta, pois não há recurso monetário no mundo que possa estimar quanto vale uma vida ou um processo evolutivo que foi moldado há milhões de anos. 

Entendo que é essencial termos a compreensão de que não há condição de existir vida humana sem ter qualidade ambiental. Isso passa por água e solo sem contaminação; biodiversidade de todas as formas de vida, para possibilitar ciclos dos nutrientes e interações essenciais para manutenção da vida; a interdependência entre organismos que moldam e regulam a saúde dos ecossistemas; sem falar na história cultural humana que foi concebida pelo íntimo contato com a natureza, e é base de como nossa interação social foi moldada ao longo da nossa história como espécie. 

Por outro lado, é notório como o processo histórico do desenvolvimento da economia de nossa sociedade, principalmente nos últimos três séculos, introduziu uma forma de relacionamento que produziu um rastro de degradação ambiental sem precedentes. Tudo documentado nos livros de história. Infelizmente, antigamente, não sabíamos evoluir sem degradar. 

Atualmente deveríamos ampliar o conceito de produzir riqueza, que muitas vezes é colocado como quantidade de dinheiro, e aqui podemos citar o Produto Interno Bruto – PIB, como exemplo, para riqueza material, como água limpa, ecossistemas regenerados, paisagens, culturas e saberes preservados e uma perspectiva de vida futura próspera dentro deste conceito maior de riqueza. 

Nesse sentido, e não de agora, o termo – economia regenerativa – passou a ser um conceito estudado por cientistas de todo mundo para propor caminhos que possam nos levar a esse cenário mais promissor. Mas o que é a economia regenerativa? 

A história da economia regenerativa, segundo especialistas precursores no tema, que já mencionavam esse conceito em 1945, começa com uma ideia central: “Os princípios que fundamentam a perpetuação da relação entre os organismos vivos, os recursos minerais, os processos produtivos considerando suas saídas e entradas, devem ser a base para construção da economia regenerativa que deve fomentar a procura por preservar a saúde e o bem-estar humano em um modelo econômico sustentável”. 

As economias regenerativas são aquelas que têm como modelo de que a geração de riqueza deve ter como entrega a sustentabilidade ambiental, social, econômica e capacidade cultural por meio da criação de recursos, diversidade, resiliência e integridade de redes interconectadas em todos os níveis de sociedade. 

A maioria das formas de vida são resilientes porque são marcadas por ciclos de auto-nutrição, assim a economia regenerativa deveria suportar as redes de interações humanas nas quais se centra sua sustentabilidade. Então, a regeneração também determina o ciclo da própria evolução e sentido do progresso. As sociedades regenerativas precisam aceitar o ciclo contínuo de se tornar essencial para sustentar a vida no mundo natural. 

Segundo os especialistas no assunto, a tarefa a ser cumprida pelas empresas, governos, instituições financeiras e formuladores de políticas é seguir com os conceitos que estabelecem essas redes saudáveis. 

Mas será que no geral as empresas estão se posicionando rumo à economia regenerativa? Entendo que o movimento empresarial nesse sentido ainda é tímido. Pego como exemplo o tema das mudanças climáticas. O mais comum atualmente é a busca para atingir o net zero carbon (neutralidade de carbono – emissões líquidas zero de carbono). 

Devemos observar que chegar à emissão líquida zero não significa remover carbono da atmosfera, mas sim uma estagnação, não havendo uma regeneração. Para ter um posicionamento condizente com práticas regenerativas, o foco deveria ser rumo à agenda net positive carbon – (compensar/remover da atmosfera mais carbono do que foi emitido). 

Nesse sentido, tanto a pauta climática como a de conservação/regeneração/restauração de ecossistemas devem caminhar juntas, pois se podemos gerenciar processos produtivos para reduzir emissões, a remoção de carbono da atmosfera será realizada pelos ecossistemas marinhos, florestais e áreas alagadas do planeta. 

Empresas que buscam ter como foco resultados além de financeiros precisam utilizar indicadores ESG que norteiam o sucesso dos negócios. A jornada para uma economia regenerativa se faz necessária e unir as pautas climáticas com a de biodiversidade pode ser o início desta discussão. Será que sua empresa já está preparada para pensar em algo além da mitigação das emissões de gases de efeito estufa?

Fonte: Diário do Comércio

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