Uma pesquisa recente revelou que 83% dos executivos no Brasil reconhecem que a área tributária exerce um papel essencial na definição de decisões estratégicas corporativas. O dado, divulgado pelo portal Contadores.cnt.br, reflete uma transformação importante no modo como as organizações encaram a gestão fiscal: ela deixou de ser apenas uma função operacional e passou a ocupar um espaço de inteligência estratégica e competitiva.
O novo papel da área tributária
Tradicionalmente vista como um setor voltado ao cumprimento de obrigações acessórias e cálculo de impostos, a área tributária agora é percebida como ferramenta de apoio à tomada de decisão.
Com a complexidade do sistema fiscal brasileiro, somada às mudanças trazidas pela Reforma Tributária e à crescente digitalização das obrigações fiscais, as empresas têm buscado integrar a análise tributária ao planejamento financeiro e estratégico.
A pesquisa mostra que os líderes empresariais enxergam a gestão tributária como diferencial competitivo, capaz de influenciar desde a precificação de produtos até a escolha de investimentos e modelos de operação.
Fatores que impulsionam essa mudança
Entre os principais fatores apontados pelos executivos estão:
Complexidade regulatória: o Brasil continua entre os países com maior carga de obrigações fiscais do mundo, exigindo acompanhamento constante das normas.
Reforma Tributária: a transição para o modelo de IVA Dual (IBS e CBS) tem levado empresas a reavaliar estratégias de custos e conformidade.
Transformação digital: soluções de automação, analytics e inteligência artificial estão permitindo maior precisão na análise de dados fiscais e no monitoramento de riscos.
Gestão de riscos e compliance: a adoção de políticas tributárias claras e documentadas reduz autuações e melhora a governança corporativa.
Esses elementos consolidam a importância da área tributária como um centro de inteligência, que não apenas cumpre obrigações, mas orienta decisões sobre expansão, precificação e estrutura organizacional.
A integração entre tecnologia e estratégia fiscal
O avanço da tecnologia fiscal, com sistemas integrados de ERP, SPED e automação de apurações, tem transformado a atuação dos profissionais da área.
Com dados mais confiáveis e análises em tempo real, o contador e o gestor tributário passam a atuar como consultores estratégicos, apoiando o planejamento orçamentário e a projeção de cenários econômicos.
A análise tributária deixa de ser reativa e se torna proativa, permitindo identificar oportunidades de economia, reduzir passivos e garantir maior previsibilidade financeira.
O contador como agente estratégico
O estudo também reforça o protagonismo do contador, que ganha espaço como gestor de informações estratégicas.
Mais do que calcular tributos, esse profissional passa a interpretar legislações, cruzar dados e propor modelos fiscais inteligentes, alinhados às metas corporativas.
As competências mais valorizadas nesse novo cenário incluem:
Perspectivas e desafios
Apesar dos avanços, o caminho para uma cultura tributária mais estratégica ainda exige investimentos em tecnologia, capacitação e integração entre áreas.
A consolidação da Reforma Tributária nos próximos anos será um divisor de águas, exigindo das empresas planejamento de transição e reestruturação de processos internos.
Organizações que tratarem a área tributária como parceira de negócio, e não apenas como um setor de conformidade, estarão mais preparadas para lidar com as mudanças regulatórias e para transformar complexidade em vantagem competitiva.
A área tributária, portanto, deixa de ser apenas uma obrigação e se consolida como pilar estratégico para a sustentabilidade e o crescimento corporativo.
Em um ambiente econômico cada vez mais dinâmico e regulado, compreender e antecipar impactos fiscais é mais do que um dever técnico, é uma vantagem de gestão.
Fonte: Contadores