As curtidas no Instagram sumiram. Desde a quarta-feira (17), as fotos e vídeos publicados pelos usuários não exibem mais a quantidade de curtidas que já receberam. No máximo, ao abrir uma publicação, a plataforma mostra quando algum usuário que você segue já curtiu o conteúdo, indicando também que ele recebeu o like de “outros”. Caso o post não tenha nenhuma curtida de pessoas que você segue, a única informação que ele apresenta é a lista de comentários. Para quem publicou o conteúdo, ainda é possível ver dados sobre curtidas, compartilhamentos e alcance. A medida, anunciada há alguns meses, é um teste do Instagram, que afirma estar em busca de um ambiente com “menos pressão”. Mas como isso pode afetar o seu negócio?
O Instagram diz querer que os usuários consumam e compartilhem conteúdo sem se preocupar com a quantidade de curtidas. “Não queremos que as pessoas sintam que estão em uma competição dentro do Instagram”, informou a plataforma. Só que o sumiço desses números pode acender o alerta vermelho para muitas empresas, páginas e influenciadores que usam o volume das curtidas para demonstrar ou analisar níveis de engajamento. Especialistas em marketing digital, entretanto, enxergam pontos positivos na medida.
“A ocultação dessas métricas poderá impactar de maneira negativa o engajamento, mas, por outro lado, possibilita uma maneira mais agnóstica de avaliar a questão da relevância real dos conteúdos publicados. Esse novo modelo pode fomentar também uma produção sem a pressão pela obtenção de KPI’s [indicadores-chave de desempenho] de popularidade, ou seja, sem a necessidade de criação e publicação de conteúdos sob a ótica do que mais vai gerar likes ou visualizações”, comenta a diretora de mídia da agência de marketing digital full performance iProspect, Thaís Cintra.
O CEO e fundador da consultoria de marketing de alta performance Macfor, Fabricio Macias, vê a mudança como benéfica. “É o gran finale de um sinal que já vinha sendo passado para as marcas: foquem em conteúdo de qualidade. O Instagram e o Facebook vêm priorizando cada vez mais a experiência do usuário. E isso passa por produzir um conteúdo com foco em entrega de valor, em detrimento do oportunismo, quantidade e os chamados ‘click baits’ (que são conteúdos apelativos para induzir os usuários a interagirem). Para os negócios, a dica que fica é: invista seu tempo e energia produzindo conteúdos encantadores”, conclui.
Ao comentar o investimento pelas marcas em influenciadores digitais, Macias afirma que, por mais que haja exceções, a maioria do dinheiro gasto com eles não traz retorno. Para ele, embora não seja a métrica mais importante de engajamento, “tem claro o poder de influência que exerce sobre o psicológico das pessoas que tendem a gostar daquilo que é mais ‘gostado’ por outras pessoas”.
E ainda existem os comentários, compartilhamentos e o número de vezes que a postagem foi salva: “Essa última ninguém lembra. A principal métrica de engajamento para o algoritmo do Instagram é com certeza o comentário com mais de quatro palavras. Isso porque todos sabemos que existem muitos Bots (robôs) no aplicativo. E a ação mais difícil de um robô reproduzir é um comentário com várias palavras com conteúdo de qualidade (olha a qualidade aí de novo, gente!)”, conclui o CEO e fundador da Macfor.
Mais mudanças
O Facebook anunciou um pacote de alterações de grande impacto em suas plataformas, cujo foco é oferecer uma melhor experiência ao usuário. Porém, essas novidades atingem em cheio também as estratégias digitais das marcas, especialmente as mais ligadas ao consumo de massa. As principais mudanças são a integração dos aplicativos de mensagem (Whatsapp, Messenger e Direct), a possibilidade de compra direta em perfis de influenciadores no Instagram (associada a outras melhorias no marketplace da plataforma) e a ocultação das curtidas.
“Ao eliminar etapas na jornada de conversão, o link direto de compra facilita e agiliza o processo, tornando o endosso dos influenciadores ainda mais efetivo. Desta forma, os influenciadores se consolidam como mais um canal a ser trabalhado na mídia de performance pelas agências. Cabe ao tempo dizer o quanto os usuários adotarão esse modelo de vendas para podermos dimensionar de maneira real seu potencial”, ressalta Thaís Cintra.
Fonte: Administradores
Imagem: Projetado pelo Freepik