A pandemia do coronavírus fez os bancos tomarem uma série de medidas para conter os impactos negativos do surto para a economia. Entre as ações estão a concessão de linhas de crédito especiais pelo Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) a empresas da área da saúde e a prorrogação de vencimentos de dívidas para pessoas físicas e micro e pequenas empresas (MPEs) adotada pelos cinco maiores bancos do País (Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Bradesco, Itaú Unibanco e Santander).
Presidente do BDMG, Sergio Gusmão destaca que a ideia é atuar de uma maneira anticíclica, em um momento em que os empreendimentos estão sob enorme pressão tanto social quanto econômica. De acordo com ele, a ação dará um fôlego para os negócios.
Inicialmente, serão concedidos pelo banco R$ 500 milhões em linhas de crédito.
O montante deve contribuir para que empresas dos mais diversos portes da área de saúde tenham recursos para capital de giro e para adquirir matéria-prima para a produção de itens de alta demanda, como lenços, máscaras e álcool gel, além de preparação de leitos e contratação de mão de obra temporária.
Em nota, o BDMG afirma que “para as micro e pequenas empresas (MPEs) com faturamento até R$ 4,8 milhões, será disponibilizada a linha BDMG Solidário Saúde. O produto oferece juros prefixados a partir de 0,83% ao mês, prazo de pagamento de até 48 meses e até seis meses de carência. Para a faixa de empresas com faturamento anual entre R$ 4,8 milhões e R$ 30 milhões, o BDMG lançou a linha Giro Mais Saúde, com taxas a partir de 0,83% ao mês indexadas à Selic, prazo de até 60 meses e carência de até seis meses”.
Já para as médias e grandes empresas, cujo faturamento por ano é superior a R$ 30 milhões, como laboratórios e grandes hospitais, há a linha BDMG Saúde. As taxas de juros são diferenciadas e o prazo de até 60 meses para pagamento, com carência de 18 meses.
“No setor de saúde, nós temos basicamente 36 mil MPEs. Temos, ainda, por volta de 400 empresas em termos de médias e grandes. Queremos gerar um contramovimento para os empreendimentos passarem por este momento”, diz Gusmão, que não descarta a possibilidade de a linha de crédito se estender para empresas de outras áreas, localizadas em cidades afetadas criticamente pelo Covid-19.
“Nós estamos em contato com outras instituições, federações, órgãos do governo, para coordenar ações e atuar em rede, trazendo conhecimento e recursos para o combate do dia a dia”, salienta ele.
O BDMG também está aberto para renegociar dívidas tanto de prefeituras quanto de micro e pequenas empresas das cidades criticamente afetadas pelo coronavírus, ação semelhante à anunciada ontem pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
Febraban – Em nota, a federação afirmou que os cinco maiores bancos do País (Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Bradesco, Itaú Unibanco e Santander) estão abertos a pedidos de prorrogação dos vencimentos de dívidas de clientes pessoas físicas e micro e pequenas empresas por 60 dias.
“A Federação Brasileira de Bancos – Febraban – e seus bancos associados, sensíveis ao momento de preocupação dos brasileiros com a doença provocada pelo novo coronavírus, vêm discutindo propostas para amenizar os efeitos negativos dessa pandemia no emprego e na renda. Entendem que se trata de um choque profundo, mas de natureza essencialmente transitória. Os bancos estão engajados em continuar colaborando com o País com medidas de estímulo à economia”, destaca a entidade, em nota.
SETORES APROVAM AÇÕES, MAS PEDEM CAUTELA
A gerente de economia da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Daniela Britto, destaca que medidas de ampliação da oferta de crédito e da melhora da concessão de crédito são fundamentais para que os impactos econômicos não sejam ainda maiores.
“Temos um cenário em que a gente prevê queda na demanda, seja nas exportações, porque o mundo vai crescer menos, seja internamente, pois as pessoas vão ficar mais em quarentena. As empresas vão deixar de gerar receita, sendo que há custos físicos para manter. Vão precisar de dinheiro”, salienta ela.
Nesse sentido, afirma a gerente de economia da Fiemg, a prorrogação das dívidas também pode ser importante. “Haverá um fôlego para pagar uma despesa financeira e arcar com outros compromissos que não podem ser adiados, como a folha de pagamento e o contrato com fornecedores, fundamental para gerar receita”, frisa.
Para o gerente do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae Minas) Alessandro Chaves, é preciso, entretanto, ter cautela. De acordo com ele, não é porque há a possibilidade de prorrogar uma dívida que o empresário deve fazê-lo. “Às vezes, esticar o prazo é esticar o problema”, analisa.
Chaves afirma que é preciso que as empresas avaliem quais são, de fato, os impactos do coronavírus aos seus negócios e analisem bem a sua situação financeira. “Não necessariamente buscar crédito vai resolver”, menciona ele.
“A gente ainda não tem claro o tamanho do impacto do coronavírus nos pequenos negócios. É importante que os empresários consigam analisar os auxílios, avaliar as condições, verificar se é ou não oportuno. É um momento de cuidado”, afirma.
Fonte: Diário do Comércio
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