Pesquisa nacional aponta que os telefones móveis e a internet são os grandes companheiros dos brasileiros. Os dados refletem o cenário pré-pandemia.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou no dia (14/4), os resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) que colheu dados de milhares de brasileiros sobre o acesso à internet, televisão e posse de telefone móvel celular para uso pessoal em 2019.
E o que se viu foi um aumento de todos os indicadores referentes a presença e acesso à internet e aparelhos, ainda que em pequenas elevações, em comparação ao ano anterior – 2018.
Porém, os índices referentes a tecnologias mais remotas caíram. Ou seja, mais pessoas tiveram acesso a celulares, TV e internet, e isso com modelos mais novos.
No que tange o acesso a televisões, 73,9% dos domicílios particulares afirmaram ter apenas o aparelho de tela fina em casa. No ano anterior da pesquisa, 66,9% dos domicílios tinham apenas TVs de tela fina. Enquanto que os dados referentes a esse tipo de aparelho cresceram, os sobre a presença de televisões somente de tubos, por exemplo, caíram – foi de 23% em 2018 para 18,4% em 2019. A presença de dois tipos de Televisores em casa também sofreu queda: de 10,1% para 7,6%.
Ainda sobre o acesso à televisão, os domicílios que não têm alternativa à televisão analógica, que já eram poucos, também tiveram queda em seus índices. Se antes (2018), 3,1% das pessoas não tinham outra possibilidade de programas televisivos se não a TV aberta, agora, apenas 2,4% das pessoas não têm como assistir televisão, se a TV analógica apresentar problemas, por exemplo.
Nesse cenário, o conversor digital surgiu como uma boa opção, registrando um aumento de 86,6% para 89,8% de sua presença em domicílios brasileiros. Em contraponto, houve queda em dois outros indicadores: o de domicílios com recepção de sinal de televisão por antena parabólica e o de domicílios com acesso à televisão por assinatura. Uma queda de 30% em 2018 para 27% em 2019 e de 31,8% para 30,4%, respectivamente.
E a internet? Afinal, atualmente, quase tudo é em formato virtual e digital, haja vista as transformações tecnológicas e a pandemia de COVID-19, que impossibilitou o contato presencial. Apesar de os dados não ilustrarem o período pandêmico, o crescimento de acesso à internet registra um crescimento interessante, conforme dito pela analista de planejamento e gestão de informática e estatística Fernanda Gerken.
Os dados mostram que a utilização da internet em qualquer local cresceu de 74,7% para 78,3% no geral. Em homens, esse dado foi de 73,6% para 77,1%, enquanto que as mulheres registraram uma crescente de cerca de quatro pontos percentuais (indo de 75,7% para 79,3%). E engana-se quem pensa que apenas os jovens se conectaram mais em 2019. Houve sim crescimento de conexão na faixa etária entre 20 e 24 anos – de 91% para 92,7%, mas a elevação maior da taxa se deu entre a população com 60 anos ou mais, indo de 38,7% para 45%.
“Não temos como precisar as causas para esse aumento, mas o aumento do uso da internet e celulares é meio que uma consequência natural do mundo que vivemos hoje, interconectado.
“Sobre o percentual de domicílios que tem telefone móvel celular, por exemplo, temos: 2016 (92,6%); 2017 (93,5%); 2018 (93,7%) e 2019 (94,3%). Percebe-se, então, que, desde o início da série, houve crescimento. Sobre o percentual de domicílios em que o telefone móvel celular era utilizado para acessar a internet: 2016 (96,8%); 2017 (98,5%); 2018 (99,2%) e 2019 (99,5%). Aqui tem-se o mesmo movimento, de aumento do número de domicílios onde o celular era usado para acessar a internet”, afirma Fernada Gerken.
Ainda, segundo ela, o percentual de pessoas que tinham telefone móvel celular para uso pessoal na população de 10 anos ou mais era, em 2016, de 79,7%; em 2017, de 80,6%; em 2018, de 81,5%; e, em 2019, 82,9%. Ainda, o percentual de pessoas de 10 anos ou mais que utilizaram a internet no período de referência são: 2016 (64,5%); 2017 (69,8%); 2018 (74,8%) e 2019 (78%). Enquanto isso, o uso de computadores caiu de 50,7% para 46.2% e o de tablet, de 12% para 10,9%.
“Em todos os casos houve um movimento de crescimento. É o que observamos desde o início da série, que começou em 2016. Às vezes de um ano para outro o incremento não é tão grande, mas do início da série até agora, vê-se um crescimento geral”, aponta a analista.
Entre os motivos, 93,6% das pessoas afirmaram utilizar a internet para enviar ou receber mensagens de texto, voz ou imagens por aplicativos diferentes do e-mail, 90,4% para conversar por chamadas de voz ou vídeo e 94,6% para assistir vídeos, inclusive programas, séries e filmes. Apenas 61,3% disseram usar a internet para enviar ou receber e-mail.
E quem não tem acesso?
Apesar dos altos índices de acesso à TV, internet e telefones móveis, muitos domicílios e pessoas ainda não o tem. Entre os motivos relacionados a falta de assinatura de televisão digital, por exemplo, 51,5% não o adquiriram por considerá-lo caro e 41,6% por não haver interesse pelo serviço. Em conjunto, esses dois motivos mais indicados abrangiam 93,1% dos domicílios com televisão sem o serviço de televisão por assinatura.
Os domicílios com televisão que não tinham o serviço de televisão por assinatura, não o tinham porque os vídeos acessados pela internet substituíam este serviço (4,9%), enquanto isso, apenas 1,4% não o tinham por não estar disponível na área em que se localizava o domicílio.
Nos 12,6 milhões de domicílios do país em que não havia utilização da internet, conforme afirmado pela pesquisa, os motivos que se destacaram são: falta de interesse em acessar a internet (32,9%), serviço de acesso à internet caro (26,2%) e nenhum morador sabia usar a internet (25,7%). O motivo de o serviço de acesso à internet não estar disponível na área do domicílio abrangeu 6,8% das residências em que não havia utilização da internet e o motivo de o equipamento eletrônico para acessar a internet ser caro, 5%.
Quanto a falta de acesso a telefones móveis, 21,7% das pessoas de 10 anos ou mais não utilizaram a internet. O motivo de não terem acessado a internet nesse período foram por não saberem usar a internet ou por falta de interesse – 43,8% e 31,6%, respectivamente. Os casos de impedimento por razão econômica são 18%. Ainda, o fato de o serviço de acesso à internet não estar disponível nos locais que as pessoas costumavam frequentar representou 4,3%.
Fonte: Estado de Minas