No processo de Gestão Estratégica, a implementação, ou execução, da estratégia é crítica e extremamente crucial para o sucesso de uma estratégia. Como diz Tom Peters, “90% das empresas fracassam na execução da estratégia”. Assim, atentar para os elementos que compõem a execução da estratégia e ter maestria para implementá-la é competência-chave para o estrategista.

O Processo de Gestão Estratégica envolve o conjunto de decisões e ações integradas e contínuas para promover a adequação da empresa ao seu ambiente de negócios e definir seu direcionamento estratégico, prover a vantagem competitiva e implementar e controlar os objetivos principais para os resultados organizacionais. Ele pode ser dividido em 5 Etapas: Diretriz Organizacional, que inclui a definição de Missão, Visão, Valores e Objetivos Estratégicos; Análise do Ambiente, que envolve a avaliação de ameaças e oportunidades, forças e fraquezas do ambiente externo e interno da empresa; Formulação da Estratégia, que inclui a escolha de estratégias competitivas e funcionais; a Implementação da Estratégia, que se refere a execução, e o Controle da Estratégia, que aborda o monitoramento dos resultados e feedback. As três primeiras abrangem o pensamento estratégico, que de forma abstrata, focaliza as questões essenciais para o planejamento estratégico. As duas últimas envolvem a parte praticado processo.

Implementar estratégias é colocar as estratégias em ação

Quanto maior a exatidão da diretriz organizacional, análise do ambiente e formulação estratégica, mais provável que tenhamos uma boa execução e controle. Mas se tivermos o contrário, provavelmente vamos ter dificuldades nas duas últimas etapas e teremos um fracasso. Também podemos ter uma formulação da estratégia bem arquitetada e sua implementação mal executada, o que é muito mais comum que você imagina. Isto gerará graves problemas para a empresa.

Quando a formulação é bem engendrada e a estratégia é bem implementada temos a combinação ideal e o resultado será o sucesso da estratégia. Três elementos são componentes essenciais da etapa de implementação:

• cultura corporativa
• estrutura organizacional e
• abordagem da liderança

A cultura corporativa deve ser levada em consideração para a execução da estratégia pois ela envolve o sistema de ações, valores e crenças compartilhadas que se desenvolvem numa organização e orienta o comportamento de seus membros. Nenhuma estratégia pode ser executada sem afetar a cultura organizacional.

Segundo Maquiavel, “não há nada mais difícil de manipular, mais arriscado de conduzir, ou mais incerto de ser bem-sucedido do que liderar a introdução de uma nova ordem das coisas”. A identidade de uma organização envolve a conjugação de dois elementos centrais: grupo social e cultura. Assim, é lógico pensar que qualquer mudança que uma (nova) estratégia venha a promover, interferirá diretamente nos costumes, valores e comportamento das pessoas que integram a organização.

Por exemplo, uma estratégia de inovação a ser implantada em uma empresa acostumada a inovar pouco e ter uma cultura caracterizada como conservadora e tradicional, dificilmente obterá sucesso senão preparar a cultura corporativa e crenças e comportamento das pessoas para serem mais criativas e inovadoras.

O segundo fator crucial para o sucesso de uma implementação da estratégia é a estrutura organizacional. Entende-se estrutura organizacional, ou design, como o tamanho e a forma como a empresa se constrói ou se constitui. Ela envolve a departamentalização da empresa. Quais são suas atividades, processos e sua cadeia de valor? Normalmente a (nova) estratégia irá demandar ajustes mais leves ou mais profundos na estrutura do negócio. Uma estratégia de fusão e aquisição, por exemplo, implica numa mudança radical na empresa, e consequente implicações na estrutura do negócio, tal como uma reestruturação das áreas, sistemas e realocação de pessoal.

A abordagem da liderança na execução da estratégia

Dentro da etapa de implementação, a abordagem que o líder principal, CEO ou estrategista, da organização irá adotar para a execução da estratégia é o ponto mais crítico e fundamental.

Com base na profundidade e grau de mudança que a (nova) estratégia irá executar, os autores David Brodwin e L. J. Bourgeois sugerem 5 abordagens que os líderes podem adotar para implementar uma estratégia de forma bem-sucedida:

– Abordagem do comandante: Nesta abordagem, o líder concentra sua energia no que a formulação da estratégia indica para ser feito e sozinho ou com pouquíssima participação de alguns conselheiros, decide como irá fazer a implementação. O nome “comandante” remete a um estilo diretivo, no qual o líder irá impor suas decisões para toda a organização sem nenhuma ou pouquíssima participação dos gestores e colaboradores. A mudança é imposta top-down. Essa abordagem é útil para empresas com estruturas menores, pobre cultura corporativa ou mudanças drásticas e radicais.

– Abordagem da Mudança Organizacional: Aqui, o líder parte da premissa que os gestores e colaboradores se sentem comprometidos com a estratégia formulada, participando diretamente das ações que envolvem a mudança proposta pela (nova) estratégia. A capacidade de envolver, gerar sinergia e comprometimento é fundamental para esta abordagem. O estrategista utiliza-se de seu poder pessoal e magnético para criar um clima de receptividade e engajamento de toda empresa. Por exemplo, uma empresa que está passando por uma mudança de estrutura, pode envolver a participação de um grupo de trabalho específico com alguns gestores e especialistas.

– Abordagem colaborativa: Nesta abordagem, o estrategista envolve todos os gestores das áreas e departamentos da linha mais alta na estrutura para buscar, em conjunto, a construção e implementação da estratégia. A vantagem desta estrutura consiste na contribuição de todos os gestores. A premissa aqui é que “eu me envolvo mais naquilo que ajudei a construir”. Uma formulação de estratégia de liderança em custo, no qual a empresa precisa remodelar seus sistemas e processos, pode envolver este tipo de abordagem.

– Abordagem cultural. Esta abordagem envolve um degrau a mais do que a anterior, pois envolve não só os gestores, mas também todos os colaboradores na mudança a ser feita para a aderência eficaz da (nova) estratégia. Aqui, existe um processo participativo e criativo e procura romper a mentalidade ‘uns pensam, outros executam”. Esta abordagem exige um nível de maturidade maior dos colaboradores e requer um tempo maior para sua efetivação. Por exemplo, uma empresa que está implementando uma estratégia de sustentabilidade corporativa, ou ESG, pode utilizar esta abordagem.

– Abordagem crescente: nesta abordagem, a criação da estratégia se faz simultaneamente com a implementação, pois os próprios colaboradores de escalões mais baixos da empresa, por terem claros a missão, os valores e seu papel, vão desenvolvendo ações que facilitam a realização de novos objetivos estratégicos. Por exemplo, os colaboradores de uma área específica podem iniciar um programa de voluntariado empresarial, que após testado e aprovado pela direção da empresa, passa a ser incorporado institucionalmente.

Como se pode ver, o grau da mudança, o tempo de execução e o envolvimento dos colaboradores são variáveis diferentes em cada tipo de implementação da estratégia e precisam ser percebidas pelo estrategista, antes de sua escolha.

Concluindo, uma boa estratégia requer uma boa implementação para gerar o sucesso pretendido por uma estratégia específica formulada. E a execução só será bem-sucedida se forem analisados a cultura corporativa, a estrutura organizacional e a abordagem a ser utilizada pela liderança.

Fonte: Administradores