Mesmo com as medidas anunciadas nas últimas semanas pelo governo federal com o intuito de amenizar os impactos do coronavírus (Covid-19) na economia, pequenos e médios empresários ainda enfrentam dificuldades na tomada de crédito no sistema financeiro nacional.
Pesquisa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) revelou que, enquanto no País seis em cada dez empreendedores que tentaram empréstimos já tiveram o pedido negado, em Minas, o índice foi de 52%.
Apesar de menor, conforme o superintendente do Sebrae Minas, Afonso Rocha, o número do Estado é igualmente preocupante. Isso porque, segundo ele, os recursos serão fundamentais para a sobrevivência das empresas diante dos desafios impostos pela pandemia à economia do Brasil, a partir das medidas de distanciamento social e a consequente paralisação de diversos setores.
“Mais alarmante ainda é que 73% destes negócios já não vinham bem, com situação financeira classificada como razoável ou ruim, antes mesmo da crise. Com a pandemia a situação se agravou e a maioria ainda teve o pedido de crédito negado”, avaliou.
Neste sentido, Rocha lembrou que, muitas vezes, uma das principais dificuldades do pequeno negócio ao recorrer a bancos é a falta de bens ou recursos como garantia ao pagamento. Por isso, para tentar minimizar o problema, o Sebrae vai destinar 50% de sua arrecadação nos próximos meses para alavancar o acesso ao crédito de micro e pequenas empresas brasileiras durante a crise.
Os novos recursos, cerca de R$ 500 milhões, serão alocados no Fundo de Aval para as Micro e Pequenas Empresas (Fampe), que já contava com R$ 470 milhões. “Ao todo a carteira será de R$ 1 bilhão e a expectativa é alavancar empréstimos em até 12 vezes, chegando a R$ 12 bilhões. Isso poderá ajudar bastante as empresas de Minas, já que BDMG, Caixa Econômica, Banco do Brasil, Banco do Nordeste e cooperativas de crédito do Estado provavelmente irão aderir ao Fundo”, disse.
Efeitos – Ainda conforme a pesquisa “Covid-19 e os impactos econômicos nos pequenos negócios de Minas Gerais”, o atual cenário já afeta negativamente 89% dos pequenos negócios mineiros. A pesquisa ouviu 534 empreendedores de micro e pequenas empresas do Estado, dos segmentos do comércio, serviços e da indústria.
Os efeitos imediatos da crise são a redução do faturamento e dos lucros, além do aumento do endividamento, das despesas e dos custos. Já as medidas mais adotadas pelos empreendedores diante do atual cenário são a suspensão ou o atraso no pagamento de impostos, antecipação de férias ou feriados para os funcionários.
“O levantamento também mostra que, apesar de quase a metade dos entrevistados afirmar estar preparada para a transição dos negócios em ambiente remoto, 19% ainda enfrentam dificuldades para operar desta forma, principalmente por falta de estrutura logística de entrega”, destacou.
Os empreendedores também apontaram dificuldades para obter insumos ou itens para vendas, aumento dos preços para a aquisição de mercadorias e perdas causadas por vencimento de produtos em estoque.
Além disso, o estudo mostrou que 70% dos empreendimentos de micro e pequeno portes de Minas Gerais estão se mantendo em atividade, mesmo que de forma parcial. E que entre os que estão parados, 72% estão com as atividades temporariamente suspensas em função de decreto governamental.
Por fim, 65% acreditam que a recuperação econômica brasileira deve demorar, em média, nove meses, 44% dos empreendedores afirmaram estar aptos a realizar suas atividades à distância, e 18% alegaram não contar com sistema tecnológico adequado para atender os clientes remotamente.
Fonte: Diário do Comércio
Imagem: Designed by Rawpixel.com