O aplicativo Celular Seguro “é louvável, mas carece de ajustes rapidamente” — as palavras são do especialista Alberto Leite, sócio-fundador da empresa especializada em cibersegurança Grupo EXA, em entrevista à Folha de S. Paulo. Na conversa, o executivo revelou algumas lacunas que o app do Ministério da Justiça e Segurança Pública possui e que podem apresentar vulnerabilidades às vítimas.
Um dos principais pontos de atenção envolve o tempo de espera para bloquear as funções do aparelho, que ainda permite que o ladrão acesse informações sensíveis da vítima enquanto estiver conectado a uma rede Wi-Fi, como fotos e vídeos da galeria.
“É crucial destacar que a plataforma não proporciona segurança completa. Ao se conectar a uma rede Wi-Fi, o criminoso ainda mantém acesso ao dispositivo. Além disso, o bloqueio imediato da linha telefônica não é garantido, já que o sistema requer até seis horas para enviar a notificação e mais um dia útil para efetivar o pedido”, explica Leite.
O aplicativo Celular Seguro está disponível para Android e iOS e permite que qualquer pessoa vincule um número de celular à conta Gov.br. Em seguida, pode-se adicionar um contato de segurança que consegue pedir pelo bloqueio do aparelho rapidamente em caso de furto ou roubo.
Após um pedido, o Celular Seguro se comunica com a operadora de telefonia móvel para bloquear o IMEI do celular, o que impede o uso de novos chips SIM, mas ainda possibilita a conexão à internet por uma rede sem fio. Além disso, o app também tem parcerias com bancos e instituições financeiras para solicitar com urgência o bloqueio das respectivas contas do usuário no dispositivo roubado.
O Celular Seguro foi lançado no dia 19 de dezembro e já acumula mais de 500 mil números registrados, segundo o Ministério de Justiça e Segurança Pública. A pasta informa ainda que mais de 3,8 mil aparelhos foram bloqueados durante a primeira semana de uso — 1.658 dos alertas foram feitos por vítimas de roubos, enquanto 1.154 ocorrências envolveram furtos. O estado de São Paulo liderou a lista com 1.011 pedidos de bloqueio, seguido do Rio de Janeiro com 453 e Pernambuco com 286.
O app do Governo Federal não é a única opção para bloquear o aparelho em situações de furto, perda ou roubo. Existem soluções pagas, mas há soluções nativas para isso: você pode usar o Encontre Meu Dispositivo, no Android, ou o Buscar do iCloud, no iOS, para localizar e bloquear o acesso aos aparelhos.
No entanto, é necessário recorrer a essas ferramentas o quanto antes, pois golpistas podem mudar os dados da conta e impedir o acesso. No caso do iPhone, é possível ativar o Stolen Device Protection para garantir uma camada extra de proteção aos dados da conta.
Fonte: Canal Tech