Atitudes revelam intenções, mas as reais motivações estão camadas abaixo

Um funcionário se ofereceu para trabalhar em um fim de semana tranquilo com o objetivo de modificar um equipamento e agilizar as trocas de tarefa. O pedido parecia simples — uma boa iniciativa, até. Mas na segunda-feira seguinte, o resultado foi um verdadeiro caos. Ele foi confrontado por colegas de todos os turnos. Aparentemente, o funcionário não apenas fez as mudanças discutidas, como também foi muito além do combinado. O ambiente ficou tenso, e o comportamento dele virou motivo de crítica.

Ao observar a situação, dois operadores de outra equipe se aproximaram. Um deles resumiu o sentimento geral: “Ele quer uma promoção, mas está indo pelo caminho errado.” O outro foi além: “Ele se sente excluído. Os colegas zombam dele por ser mais lento, não o escutam, e agora ele tem uma família para sustentar. Ele quer que os filhos tenham orgulho dele.”

Empatia e inteligência emocional revelam o verdadeiro “porquê”

Esse relato mostra algo que muitos líderes esquecem: a motivação de um colaborador raramente é explicada por uma única ação. À primeira vista, ele queria uma promoção. Mas, ao olhar mais fundo, percebe-se que ele também queria respeito, aceitação e um sentimento de pertencimento. Mais do que isso: queria ser um exemplo para os filhos. Queria provar que era capaz.

Situações assim não são únicas. Um comportamento “negativo”, como criticar colegas ou buscar reconhecimento de forma exagerada, pode indicar insegurança, baixa autoestima ou perda de identidade profissional. Quando um ex-supervisor começou a sabotar decisões do novo líder, por exemplo, não era só resistência à mudança — era a dor de perder sua posição simbólica dentro da equipe.

Ir além do óbvio muda tudo

Trocar de sala com esse ex-líder foi a solução encontrada. O cargo e as responsabilidades dele não haviam mudado, mas o ambiente sinalizava o contrário. Ao devolver o espaço físico e simbólico, o novo líder restaurou o senso de valor e respeito do colega. O resultado foi imediato: fim das sabotagens e harmonia restabelecida.

A lição é clara: atitudes revelam intenções, mas as reais motivações estão camadas abaixo. Um pedido por aumento pode significar, na verdade, uma busca por reconhecimento. Um comportamento agressivo pode mascarar medo ou insegurança. A chave para lidar com essas questões está em ir além da superfície, praticando empatia, escuta ativa e inteligência emocional.

Um bom líder escava até o terceiro nível

Sempre que for agir ou reagir, pare e reflita: o que está por trás da atitude? Qual é o contexto? Que necessidade humana — pertencimento, orgulho, segurança — está em jogo? Perguntar-se isso pode mudar completamente a forma de conduzir uma situação.

Como diz o texto, a sabedoria muitas vezes está na fábrica, no chão de fábrica, nas conversas informais. Mas para acessá-la, é preciso mais do que ouvir. É preciso entender.

Fonte: Administradores