Segundo o Índice de Saúde Organizacional, recente pesquisa realizada e divulgada pela consultoria McKinsey, os brasileiros estão entre os mais desmotivados profissionalmente. O estudo com 82 empresas que somam 170 mil funcionários diz que a motivação profissional nem sempre está vinculada ao salário. Um dos maiores motivos para a falta de ânimo no trabalho é que a maioria dos colaboradores gosta de se sentir parte da empresa, estão buscando inovar, mas muitas vezes não recebem nenhum incentivo da liderança.
A pesquisa mostra também que aumentar o senso de responsabilidade das pessoas, de uma forma que elas se sintam parte do negócio e acreditem que o que fazem tem valor e é reconhecido, é uma das principais maneiras para motivar os funcionários.
“É importante desenvolver certo grau de autonomia, quanto mais o trabalhador estiver envolvido, maior a probabilidade de atuar utilizando o mindset de crescimento e de trazer bons resultados para a empresa”, afirma Solange Mata Machado, autora do livro “Desconstruindo o Mindset e Construindo Inovação”, publicado pela editora Évora. Abaixo, ela explica como alterar a programação mental para alavancar resultados tanto para os funcionários quanto para as empresas, fazendo com que se sintam mais motivados.
Mindset e a cultura organizacional
O conceito de mindset está centrado na crença de se poder ou não alterar os traços pessoais. “No mindset fixo, as pessoas acreditam que tais características são inatas e não podem ser alteradas. Já no mindset de crescimento, são aquelas que creem no controle e mudança dessas características, a partir do esforço”, conta a autora. Ao utilizar os dois, é possível adquirir a capacidade de olhar para o presente enquanto se pensa no futuro.
As empresas tradicionais, criadas com base no comando-controle tendem a desenvolver o mindset fixo, pois privilegiam o status e a certeza em detrimento da autonomia. Por outro lado, as startups, por exemplo, desenvolvem culturas organizacionais que fomentam a inovação e a criatividade, incentivando a autonomia e os relacionamentos sociais. Essas dimensões incentivam o mindset de crescimento.
A autonomia é reconhecida pelo nosso cérebro como um processo de recompensa, que aumenta nossa atenção e impulsiona a vontade de transformar e colaborar. “Fazer um mapeamento das habilidades dos funcionários, determinando tarefas e responsabilidades, mas dando liberdade para a tomada de decisões é um passo importante para incentivar essa autonomia. Compartilhar conhecimento e informações que melhorem o desempenho e demonstrar confiança no funcionário também ajuda nesse processo”, explica Solange.
O que as empresas precisam se perguntar é como identificar os mindsets em seus funcionários para incentivá-los em um processo de aprendizado contínuo, demonstrando interesse naquilo que é pensado e realizado por esses trabalhadores. “Dessa maneira, eles se sentirão confortáveis e produtivos nas funções em que atuam”, finaliza a autora.
*Solange Mata Machado é diretora-executiva da Imaginar Solutions. Doutora e mestre em inovação e competitividade pela FGV com pós-doutorado (pós-doc) em neurociência aplicada à tecnologia pela UFMG.
Fonte: Administradores