Empresa quer substituir os ‘cookies’ com recurso que atribui rótulos e revela hábitos de navegação para todos os sites visitados.
O Google começou a testar no navegador Chrome uma nova tecnologia para permitir o direcionamento de publicidade em sites da web. Chamado de Federated Learning of Cohorts (FLoC, ou “Aprendizagem Federada de Semelhantes”, em tradução livre), o recurso prevê a criação “rótulos” para grupos de usuários com interesses semelhantes.
Os rótulos seriam atribuídos pelo navegador, dispensando formas atuais de rastreamento, e colocariam os usuários em “grupos”. Não se sabe, ainda, quantos grupos serão criados ou o que eles descreveriam sobre cada pessoa.
Apesar do nome pretensioso, a fonética do termo em inglês lembra a palavra “flock”, que significa “bando”. O objetivo do FLoC é justamente categorizar os usuários em “bandos” com hábitos semelhantes para o direcionamento de conteúdo.
O termo se interesse no contexto de diversas outras propostas para o rastreamento on-line com codinomes de aves. O FLoC pretende conectar interesses gerais, sem identificar usuários específicos – como em uma revoada (bando de aves). Daí o nome da tecnologia.
O FLoC foi ativado automaticamente para 0,5% da base de usuários do Chrome, sem qualquer aviso. O recurso não é fácil de ser desabilitado, pois é necessário desativar todos os cookies de terceiros – o que ainda é incompatível com alguns sites da web. Também não há um método oficial que mostre quem está participando do teste.
O que muda
Hoje, redes publicitárias recebem visitas indiretas quando usuários acessam sites parceiros. Usando os “cookies de terceiros”, as redes associam essas visitas indiretas aos sites parceiros, rastreando a navegação dos usuários.
Ou seja, quando alguém acessa duas ou mais páginas que são parceiras da mesma rede de publicidade, essa rede é capaz de associar todas as visitas, criando um perfil de interesses para direcionar as peças publicitárias.
Quem visita muitas páginas de tecnologia, por exemplo, pode receber mais anúncios de celulares e computadores.
Os cookies, porém, podem estar com os dias contados. Vários países aprovaram leis que desencorajam o uso de cookies, obrigando os sites a mostrarem avisos de privacidade.
O Google, que opera a maior rede publicitária da web, já disse que não pretende mais vender anúncios baseados nos hábitos individuais de navegação. A App Store, da Apple, também endureceu as regras contra o rastreamento, exigindo que empresas como Google e Facebook mudem a forma como direcionam anúncios.
O FLoC do Google está entre as várias soluções propostas criar uma alternativa aos métodos em uso hoje. Com esse mecanismo, o próprio navegador do usuário se encarrega de analisar os hábitos de navegação e realizar uma autoclassificação, atribuindo uma espécie de “rótulo”.
Esse rótulo seria então enviado a todos os sites visitados, garantindo um acesso instantâneo ao “perfil” do usuário, sem depender de um perfil construído por uma rede parceira. Isso é possível porque o próprio navegador analisou o histórico de navegação e se classificou.
Em outras palavras, os sites saberiam algo sobre cada visitante mesmo sem possuir qualquer informação prévia dele – algo que não é possível hoje.
Para os defensores do FLoC, isso “democratizaria” o conteúdo direcionado. A página oficial do projeto também admite que esse dado poderia ser divulgado publicamente por sites que possuem informações pessoais de seus visitantes, como uma loja on-line, mas argumenta que isso “é melhor do que a situação de hoje”, em que esses sites podem obter dados detalhados sobre a navegação.
Navegadores e sites desabilitam recurso
O suporte ao FLoC foi adicionado no Chromium, a tecnologia utilizada pelo navegador Chrome, do Google. Por tabela, o recurso chegou aos concorrentes baseados na mesma tecnologia, como Brave, Vivaldi, e até ao Edge, da Microsoft.
Os três navegadores desativaram o suporte ao FLoC em seu código. Os criadores do Brave e do Vivaldi foram além, manifestando publicamente sua oposição à tecnologia.
O Safari da Apple também tem algumas semelhanças tecnológicas com o Chrome. A empresa ainda não se pronunciou sobre a tecnologia, mas ela não está presente no Safari até o momento.
Além dos navegadores, sites da web também podem instruir o navegador a não levar em conta um acesso para calcular o “rótulo” atribuído pelo FLoC.
O DuckDuckGo, um mecanismo de pesquisa concorrente do Google que se promove como uma alternativa focada em privacidade, anunciou que vai deixar em seu site um código que desliga o FLoC na página.
O maior golpe, porém, pode ter vindo do WordPress, um sistema utilizado por muitos sites na web para o gerenciamento de conteúdo. Os responsáveis anunciaram que o WordPress pode incluir por padrão um código que desativa o FLoC, removendo todas essas páginas do cálculo do hábito de navegação.
Ignorando uma parcela considerável da navegação do usuário, o FLoC pode gerar um rótulo que não corresponde de fato aos hábitos de navegação e se tornar ineficaz para o direcionamento de publicidade e conteúdo, o que ameaça o futuro da tecnologia.
A EFF, uma organização sem fins lucrativos dos Estados Unidos que advoga em causas ligadas à privacidade e tecnologia, também publicou um longo artigo criticando a tecnologia. Para a ONG, os usuários não devem ter de escolher entre tecnologias de rastreamento novas e antigas. Em vez disso, usuários devem ter a possibilidade de navegar sem esse rastreamento.
Como não há um meio de determinar no próprio Chrome se o FLoC foi ativado, a entidade criou o site “Am I FLoCed?” (https://amifloced.org/) para realizar essa checagem. No momento, a melhor forma de desativar o teste é trocando de navegador.
Fonte: G1
O Google começou a testar no navegador Chrome uma nova tecnologia para permitir o direcionamento de publicidade em sites da web. Chamado de Federated Learning of Cohorts (FLoC, ou “Aprendizagem Federada de Semelhantes”, em tradução livre), o recurso prevê a criação “rótulos” para grupos de usuários com interesses semelhantes.
Os rótulos seriam atribuídos pelo navegador, dispensando formas atuais de rastreamento, e colocariam os usuários em “grupos”. Não se sabe, ainda, quantos grupos serão criados ou o que eles descreveriam sobre cada pessoa.
Apesar do nome pretensioso, a fonética do termo em inglês lembra a palavra “flock”, que significa “bando”. O objetivo do FLoC é justamente categorizar os usuários em “bandos” com hábitos semelhantes para o direcionamento de conteúdo.
O termo se interesse no contexto de diversas outras propostas para o rastreamento on-line com codinomes de aves. O FLoC pretende conectar interesses gerais, sem identificar usuários específicos – como em uma revoada (bando de aves). Daí o nome da tecnologia.
O FLoC foi ativado automaticamente para 0,5% da base de usuários do Chrome, sem qualquer aviso. O recurso não é fácil de ser desabilitado, pois é necessário desativar todos os cookies de terceiros – o que ainda é incompatível com alguns sites da web. Também não há um método oficial que mostre quem está participando do teste.
O que muda
Hoje, redes publicitárias recebem visitas indiretas quando usuários acessam sites parceiros. Usando os “cookies de terceiros”, as redes associam essas visitas indiretas aos sites parceiros, rastreando a navegação dos usuários.
Ou seja, quando alguém acessa duas ou mais páginas que são parceiras da mesma rede de publicidade, essa rede é capaz de associar todas as visitas, criando um perfil de interesses para direcionar as peças publicitárias.
Quem visita muitas páginas de tecnologia, por exemplo, pode receber mais anúncios de celulares e computadores.
Os cookies, porém, podem estar com os dias contados. Vários países aprovaram leis que desencorajam o uso de cookies, obrigando os sites a mostrarem avisos de privacidade.
O Google, que opera a maior rede publicitária da web, já disse que não pretende mais vender anúncios baseados nos hábitos individuais de navegação. A App Store, da Apple, também endureceu as regras contra o rastreamento, exigindo que empresas como Google e Facebook mudem a forma como direcionam anúncios.
O FLoC do Google está entre as várias soluções propostas criar uma alternativa aos métodos em uso hoje. Com esse mecanismo, o próprio navegador do usuário se encarrega de analisar os hábitos de navegação e realizar uma autoclassificação, atribuindo uma espécie de “rótulo”.
Esse rótulo seria então enviado a todos os sites visitados, garantindo um acesso instantâneo ao “perfil” do usuário, sem depender de um perfil construído por uma rede parceira. Isso é possível porque o próprio navegador analisou o histórico de navegação e se classificou.
Em outras palavras, os sites saberiam algo sobre cada visitante mesmo sem possuir qualquer informação prévia dele – algo que não é possível hoje.
Para os defensores do FLoC, isso “democratizaria” o conteúdo direcionado. A página oficial do projeto também admite que esse dado poderia ser divulgado publicamente por sites que possuem informações pessoais de seus visitantes, como uma loja on-line, mas argumenta que isso “é melhor do que a situação de hoje”, em que esses sites podem obter dados detalhados sobre a navegação.
Navegadores e sites desabilitam recurso
O suporte ao FLoC foi adicionado no Chromium, a tecnologia utilizada pelo navegador Chrome, do Google. Por tabela, o recurso chegou aos concorrentes baseados na mesma tecnologia, como Brave, Vivaldi, e até ao Edge, da Microsoft.
Os três navegadores desativaram o suporte ao FLoC em seu código. Os criadores do Brave e do Vivaldi foram além, manifestando publicamente sua oposição à tecnologia.
O Safari da Apple também tem algumas semelhanças tecnológicas com o Chrome. A empresa ainda não se pronunciou sobre a tecnologia, mas ela não está presente no Safari até o momento.
Além dos navegadores, sites da web também podem instruir o navegador a não levar em conta um acesso para calcular o “rótulo” atribuído pelo FLoC.
O DuckDuckGo, um mecanismo de pesquisa concorrente do Google que se promove como uma alternativa focada em privacidade, anunciou que vai deixar em seu site um código que desliga o FLoC na página.
O maior golpe, porém, pode ter vindo do WordPress, um sistema utilizado por muitos sites na web para o gerenciamento de conteúdo. Os responsáveis anunciaram que o WordPress pode incluir por padrão um código que desativa o FLoC, removendo todas essas páginas do cálculo do hábito de navegação.
Ignorando uma parcela considerável da navegação do usuário, o FLoC pode gerar um rótulo que não corresponde de fato aos hábitos de navegação e se tornar ineficaz para o direcionamento de publicidade e conteúdo, o que ameaça o futuro da tecnologia.
A EFF, uma organização sem fins lucrativos dos Estados Unidos que advoga em causas ligadas à privacidade e tecnologia, também publicou um longo artigo criticando a tecnologia. Para a ONG, os usuários não devem ter de escolher entre tecnologias de rastreamento novas e antigas. Em vez disso, usuários devem ter a possibilidade de navegar sem esse rastreamento.
Como não há um meio de determinar no próprio Chrome se o FLoC foi ativado, a entidade criou o site “Am I FLoCed?” (https://amifloced.org/) para realizar essa checagem. No momento, a melhor forma de desativar o teste é trocando de navegador.
Fonte: G1