O valor médio anual de investimentos anunciados para Minas Gerais, entre 2010 e 2019, foi de US$ 6,6 bilhões, o que corresponde a 4,5% da média de anúncios no País. No período, o valor total estimado ficou próximo de US$ 65 bilhões.
De 2010 a 2019, houve grande oscilação, sendo os valores mais baixos anunciados entre 2014 e 2017. Já entre 2018 e 2019, os anúncios cresceram substancialmente devido à expectativa de recuperação da economia e de um mercado mais favorável. Somente no ano passado, eles somaram US$ 8,9 bilhões, aumento de 134% frente a 2018.
Os números foram analisados pela Fundação João Pinheiro (FJP) no informativo Investimentos Anunciados para Minas Gerais.
De acordo com o levantamento da FJP, a série de valores de investimentos anunciados para o Estado entre 2010 e 2019 variou expressivamente. Depois de anos consecutivos em patamar elevado, houve forte retração de novas intenções de investimentos a partir de 2014, com o menor nível sendo registrado em 2017, com anúncio de aportes alcançando US$ 1 bilhão e respondendo por apenas 1,6% do valor nacional.
Em 2018, foi registrado o início de uma recuperação, com investimentos anunciados alcançando US$ 3,8 bilhões. Já em 2019, foi observado expressivo acréscimo em relação a 2018, passando para US$ 8,9 bilhões, aumento de 134%. Com a elevação dos valores, a participação de Minas Gerais no total de investimentos anunciados no Brasil subiu de 2,9%, em 2018, para 6,6% no ano passado.
“O anúncio de investimentos sempre é positivo e, depois de 2017, houve uma retomada importante no Estado. As estimativas de aportes aumentaram em função de uma tendência de recuperação da economia e um cenário mais positivo no País”, explicou a pesquisadora da FJP, Carla Aguilar.
O capital nacional constituiu a principal fonte dos investimentos no Estado, representando 48,8% no acumulado de 2010 a 2019. Em 2014 e 2015, superou 70%, com destaque para o setor elétrico. A partir de 2016, houve aumento da participação do capital estrangeiro, que alcançou 67,8% em 2018 e 72,6% em 2019.
No acumulado de 2010 a 2019, 46,5% dos investimentos anunciados foram na indústria de transformação. A indústria extrativa obteve 17,4% das sinalizações de investimentos entre 2010 e 2019. Em 2010, o destaque na indústria extrativa, que respondeu por 55,2% dos aportes, foram os anúncios de projetos de implantação com capital nacional do Grupo EBX.
Após 2014, houve uma mudança dos padrões de investimento, com ampliação dos investimentos em eletricidade e com destaque para os projetos de implantação de energia fotovoltaica a partir de 2015.
De acordo com o relatório da FJP, é importante destacar que o interesse crescente pelo setor elétrico puxou a recuperação dos investimentos em 2019, principalmente em função do projeto da empresa espanhola Solatio em energia solar.
Para a agropecuária, o único destaque foi de 16,5% em 2012, devido aos investimentos em implantação na produção florestal anunciados pela portuguesa YTI-YSER Timberland Investment Energy. A maior participação dos serviços (19,8%) foi em 2011, relacionada a empreendimentos de alojamento e telecomunicações.
Indústria de transformação – O estudo feito pela Fundação João Pinheiro (FJP) identificou que, entre os subsetores da indústria de transformação, veículos, metalurgia e produtos químicos absorveram cerca de 60% dos valores anunciados de investimentos no intervalo de 2010 a 2019.
No período, a participação do segmento de veículos correspondeu a 24,7%, com destaque para a Fiat, Amsia Motors e Mercedes-Benz. No segmento metalúrgico (23% da transformação), as maiores participações foram provenientes do Grupo Gerdau, da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), da Samarco Mineração e Arcelormittal.
Os produtos químicos equivaleram a 11,9%. Nesse segmento, os destaques foram os anúncios de investimento em fertilizantes da Vale (CVRD) e da Verde Fertilizantes. O subsetor de medicamentos teve destaque da Biomm Technology e da Biolab Sanus Farmacêutica, ambas com capital nacional.
Quanto ao tipo de aportes, 35,6% dos investimentos anunciados entre 2010 e 2019 foram direcionados a projetos de implantação. Já 15,1% foram destinados para expansões e 3,1% para modernização. Os demais foram mistos, sendo que implantação/expansão responderam por 22,9%, expansão/modernização (14,4%) e implantação/modernização (8,8%).
Para 2020, as estimativas iniciais eram positivas, mas, devido à pandemia do novo coronavírus, o cenário é incerto.
“Ainda não é possível fazer uma estimativa de como será 2020. Há cerca de duas ou três semanas, empresas estavam confirmando as intenções de investimentos, mas, devido às incertezas do momento, é preciso esperar para avaliar os impactos da pandemia”, explicou Carla Aguilar.
Fonte: Diário do Comércio