Os consumidores mineiros estão conseguindo vencer as contas atrasadas. O número de dívidas teve queda de 7,8% em fevereiro, no comparativo com igual mês do ano passado. Nessa base comparativa, é a primeira queda registrada no período de três anos. Na relação fevereiro/janeiro, a retração foi de 0,08%. A inadimplência também recuou nessas duas bases comparativas, caindo 3,6% na comparação fevereiro 2018/fevereiro 2017 e 0,09% na passagem de janeiro para fevereiro. Os dados constam do Indicador de Inadimplência do Conselho Estadual de SPC de Minas Gerais, divulgado ontem pela Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH).
Segundo o presidente da CDL-BH, Bruno Falci, a queda no número de dívidas e na inadimplência, aliada à melhora da economia, leva a um ambiente propício ao consumo. Ele explica que as pessoas vêm priorizando o pagamento de suas dívidas e, com isso, em um segundo momento, passam a contar com renda disponível para consumo. Quanto à melhora da situação econômica, ele cita a inflação controlada, juros em queda e início da retomada do emprego, fatores que levam a um aumento dos rendimentos.
De acordo com Falci, já é possível perceber que as pessoas estão comprando mais, mas esse aumento ainda é tímido. “É preciso lembrar que em 2017 o crescimento do PIB ficou em 1% e ocorreu sobre uma base fraca”, pondera.
Ainda segundo Falci, a queda no número de dívidas e na inadimplência mostra o amadurecimento do consumidor. “Quem já passou por uma situação de aperto, não quer passar novamente por ela”, pondera. “O consumo consciente é o melhor para todo mundo. Você compra o que necessita e tem o recurso para efetuar o pagamento”, completa.
De acordo com o levantamento, em fevereiro, comparando com o mesmo mês de 2017, 46,49% das dívidas registradas ocorreu na faixa etária acima do 50 anos. Essa característica se deve ao fato de essas pessoas serem responsáveis por arcar com elevado de despesas familiares e, em alguns casos, contam apenas com os rendimentos da aposentadoria.
Entre os sexos, a redução dos débitos foi maior entre os homens, ficando em 8,27%, enquanto no público feminino foi de 7,96%. Em fevereiro, na comparação anual, a retração da inadimplência dos homens foi de 4,63%, já a do público feminino foi de 3,12%. Na análise da CDL-BH, essa diferença ocorre porque a taxa de desemprego é maior entre as mulheres, que também têm rendimento menor que os homens.
Empresas – Quanto às empresas de Minas, os índices de inadimplência e número de dívidas continuam em alta. Segundo Falci, este cenário já é esperado, pois as empresas reagem em um segundo momento, após a recuperação dos consumidores.
Mas o levantamento mostra que há redução no ritmo da alta. Na relação fevereiro 2018/fevereiro 2017 houve alta de 2,94% no número de dívidas das empresas. No ano passado (fevereiro 2017/fevereiro 2016), o aumento foi de 6,53%. Na base de comparação mensal (fevereiro 2018/janeiro 2018) o crescimento foi de 0,58%.
Quanto à inadimplência entre as empresas mineiras, houve alta de 4,31% na comparação fevereiro 2018/fevereiro 2017. Em fevereiro de 2017, o índice era de 8,23%. Na passagem de janeiro para fevereiro, o aumento foi de 0,8%.
No Estado, o setor de serviços foi o que teve o maior crescimento de empresas devedoras na relação de fevereiro com igual mês do ano passado, com alta de 6,37%. Os demais segmentos apresentaram os seguintes índices: comércio teve alta 4,09%; indústria apresentou aumento de 2,64%; agricultura teve retração de 2,02%; e outros tipos de estabelecimentos com recuo de 6,55%.
Fonte: Diário do Comércio