Questionamentos e indefinições sobre a tecnologia batem à porta de todas as organizações, não importa o tamanho, ramo de atuação ou localidade da empresa
De acordo com o conceito cunhado pela Forbes em maio de 2023, a inteligência artificial generativa “é uma tecnologia que permite que um computador crie conteúdo original, como texto, imagens, música ou até mesmo vídeos. Ao contrário da inteligência artificial convencional, que é programada para executar tarefas específicas, a IA generativa é capaz de criar algo novo e inesperado”.
Diante desta capacidade da tecnologia gerar conteúdos novos, surge uma grande preocupação sobre o impacto da IA na cultura organizacional e a transformação que ela pode produzir em pessoas e processos.
Para citar um exemplo prático, temos diversas ferramentas de correio eletrônico que, por meio da IA, já são capazes de sugerir uma resposta ao remetente, sem que seja necessário redigir ao remetente. Isso se dá a partir de alguns inputs (comandos) que indicam como será o tom da mensagem: resposta formal de agradecimento, mais informal, crítica, mas amigável e por aí vai.
Imagine se todos os colaboradores da empresa usarem este recurso? Estamos diante do fim do fim da identidade e originalidade entre profissionais?
Por ser um tema ainda em desenvolvimento, sem uma acepção comum entre pessoas, muitas empresas estão limitando o uso da IA em atividades corriqueiras, como responder um e-mail, até que haja uma definição mais clara sobre como usar tais ferramentas de forma ética e consciente.
Existem também aqueles gestores que têm receio de que os colaboradores não demonstrem mais seu potencial criativo e simplesmente usem IA para todas as tarefas do seu dia a dia. Será que um colaborador que entrega todas suas tarefas usando IA deve receber mais ou menos mérito do que um colaborador que realizou as tarefas de forma tradicional e manual? A avaliação de performance desses profissionais deve ser diferente?
Naturalmente, esses questionamentos e indefinições batem à porta de todas as organizações, não importa o tamanho, ramo de atuação ou localidade da empresa. Afinal, todos nós estamos vivenciando transformações importantes na maneira de pensar, trabalhar e exercer a criatividade na Era da IA.
Os principais desafios que temos hoje são:
Para endereçar a esses desafios, é necessário investimento em educação, treinamento e orientação específicos para que as empresas entendam os benefícios da IA e como ela pode ser usada para melhorar o ambiente de negócios.
Por trás das incertezas e transformações, existe uma série de benefícios que essa nova era proporciona e devemos reconhecê-los:
Para que estes benefícios sejam alcançados, é necessário adotar programas de capacitações contínuas, o que também chamamos de re-skilling e up-skilling dos associados. Ou seja, nessa área da tecnologia é fundamental incentivar a reciclagem e o aprendizado de profissionais, a fim de compreender as novas demandas contemporâneas e modernizar o ambiente de trabalho.
Outro ponto importante é a empresa definir uma política de uso de IA para orientar os associados sobre quando e como a tecnologia deve ser aplicada. Além disso, é capital repensar como a tecnologia irá ser utilizada na empresa.
Em outras palavras, devemos repensar as atividades e funções que são mais repetitivas e agregam pouco valor: tais tarefas são grandes candidatas a serem executadas de forma mais automatizada. As responsabilidades que exigem pensamento estratégico e analítico, por outro lado, valem a pena seguirem no domínio de humanos.
E como complemento a isso, devemos ensinar profissionais a validarem e desconfiarem das respostas da IA: nem sempre as respostas obtidas por meio de ferramentas são corretas ou adequadas para o uso empresarial. Por isso, a grande atribuição que se desenha atualmente é que profissionais revisem e revalidem as informações adquiridas pelas máquinas, afinal, nem tudo escrito por elas foi feito sobre a pedra. O senso crítico e conhecimento do negócio serão duas características fundamentais para talentos no futuro próximo.
Os gestores, por sua vez, terão de se adaptar a essa nova realidade, conhecer as ferramentas, apoiar os colaboradores nas definições de política de uso e orientá-los no dia a dia, bem como definir métricas de performance adequadas. Proibir ou liberar totalmente a IA são extremos e devem ser ponderados com cuidado.
Em resumo, a IA ainda é uma tecnologia relativamente nova, e muitas empresas não sabem como implementá-la de forma eficaz. A exemplo de tantos casos de sucesso, o benchmarking é uma prática saudável para práticas de sucesso nos quesitos de segurança tecnológica e treinar adequadamente os colaboradores para o uso das ferramentas, de acordo com a definição de políticas de uso e tipos de atividades a serem realizadas.
O único, porém, é para aquelas organizações que não desejam fazer transformações em sua estrutura; mais cedo ou mais tarde, as transformações operadas pela Inteligência Artificial serão irreversíveis; adiantar-se perante o inevitável pode significar um movimento vital na estratégia de negócios de longo prazo.
Fonte: Administradores