O mundo vive momentos de erupção e os dados são relevantes: aumento da natalidade com projeção de 9 bilhões de habitantes para 2030; 84,7% destes cidadãos morando nas cidades, uso intensivo de tecnologia pela maioria absoluta da população querendo externar suas opiniões e questionando o modelo de gerenciamento urbano atual.
Disrupção na veia, impactando no dia a dia dos países e rompendo com paradigmas há muito presentes na vida das pessoas. Para aqueles que gostam de fazer projeções e colocar o pensamento para os próximos vinte ou trinta anos, os sintomas são os mais perversos.
Saudabilidade, bem-estar, sustentabilidade, produtividade alimentar e cidadania participativa estarão sendo colocados à prova neste momento de grandes questionamentos.Na verdade, a humanidade passa por um período de paradoxos iminentes.
Enquanto as nações em desenvolvimento “despejam” milhões de novos consumidores impactando o meio ambiente, os países desenvolvidos “lutam” para proteger a Amazônia!
Do ponto de vista da sustentabilidade, esta situação é insustentável. Por outro lado, nosso entendimento é que neste século, e diante das inquietações universais, haverá uma percepção que serão os municípios os grandes agentes de transformação do “modus vivendi” que perdurou por tantos anos no mundo.
A visão geopolítica nos permite dizer que é no município que ocorrerá as grandes transformações mundiais e se acelerarão o entendimento e multiplicação das novas iniciativas e boas práticas de convivência entre as pessoas.
Para tanto, tecnologia e sustentabilidade deverão ser os grandes pilares de projeção desta nova articulação universal em prol do bem estar da humanidade. Considerando-se estas premissas poder-se afirmar, com todas as letras, que esta tendência já é uma realidade em várias cidades.
E os exemplos são claros e perceptíveis. Nos últimos 30 anos houve uma aceleração na “interiorização” do desenvolvimento no Brasil. Muitas empresas saíram das grandes capitais para se instalarem no Interior dos Estados, bem como outras empresas, principalmente as internacionais, escolheram municípios pequenos ou médios para construírem suas plantas.
Estas organizações, agora, fazem coro às mudanças climáticas, incentivando a aplicação do desenvolvimento sustentável sob o foco da implementação dos fatores ESG (E=Environmental/Ambiental, S=Social e G=Governança).
Estas dimensões acabam influenciando sobremaneira os municípios para voltarem-se às boas práticas sustentáveis, colaborando com o nosso País no atingimento das metas de redução das emissões de carbono, agora reafirmadas na COP26 em Glasgow.
Assim, em muitas regiões do Brasil a alta tecnologia a serviço da melhoria da vida do cidadão está disponível, desde o atendimento à saúde até a melhoria e controle da segurança incrementando os princípios das “Smart Cities” ou “Cidades Inteligentes” que se preparam para formatar um futuro sustentável.
Eficiência energética, uso racional da água, mobilidade, destino final dos resíduos, passam a ter prioridade na gestão das cidades, além da educação ambiental permanente.
Aumentar o plantio de árvores, formando bosques urbanos, é uma das necessidades imediatas e contínuas a ser desencadeada nos Estados e no conjunto dos municípios.
Não é à toa que o presidente do Fórum Econômico Global, Klaus Schwab, conclamou as empresas, na abertura do Fórum em 2020, a plantarem 1 trilhão de árvores!
E isto impacta diretamente o cidadão e minimiza os efeitos das emissões de carbono. Caberá aos gestores públicos terem a percepção sobre estas questões e o entendimento sobre as expectativas que a população por eles dirigida tem neste novo modelo.
Acelerar as decisões, inovar as práticas, estar sensível às questões ambientais, inspirar as pessoas para um posicionamento empoderado de cidadania colaborativa são tarefas inerentes e irrefutáveis dos dirigentes públicos responsáveis por esta ruptura na governança.
Temos bons motivos para acreditarmos que isto é possível. Sociedade atenta e com vontade de participar merece ser correspondida nas suas expectativas.
São os municípios que acolhem as empresas, as entidades do Terceiro Setor e o poder público local, dialogando diretamente com os cidadãos. E é o Estado o inspirador e incentivador para esta agenda positiva. Especialmente as empresas são as mais sensíveis às questões da sustentabilidade e, normalmente, à frente no emprego de soluções que repliquem as boas práticas voltadas à inclusão social e equilíbrio ambiental.
Uma pesquisa divulgada este ano pela consultoria Deloitte intitulada “Cinco Pilares de Riscos Empresariais 2022” mostra que mais da metade das 130 empresas brasileiras ouvidas aponta como principais desafios no médio e longo prazos para seus negócios as mudanças climáticas (80%) e temas ESG em geral (67%). Também preocupam as novas cadeias de fornecimento (63%) e a atração e retenção de talentos (59%), tópicos estes muito relacionados aos desafios socioambientais.
Fomentar ações nas cidades voltadas à eficiência energética e energia renovável, destino final de resíduos e eletroeletrônicos, uso racional da água, ativação social, procedimentos sustentáveis internos, obras e retrofit sustentável, metas de redução de emissões nos equipamentos públicos, mobilidade sustentável e criação de indicadores de sustentabilidade, dentre outros, garantem a estruturação de boas práticas de gestão e governança.
Construir um modelo de ação calcada no “Programa Município Sustentável” revela um posicionamento transformador e inspirador para o coletivo da sociedade civil.
Principalmente porque, a partir de 2022, teremos nossos dirigentes nacionais e estaduais e o compromisso dos eleitos deverá ser esta causa!
Fonte: Diário do Comércio