Ausência de tempo, conhecimento sobre o assunto e falta de recursos para investir em privacidade são os principais entraves vividos pelas pequenas e médias empresas

A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), aprovada em 2018, entrou em vigor em setembro deste ano e já trouxe diversas dúvidas sobre a sua adequação. Embora a lei não tenha estabelecido tratamento diferenciado para PMEs, seus impactos para esse perfil de negócio são motivos de preocupação.

A falta de um entendimento melhor pode ser vista em números. Uma pesquisa realizada em outubro pela RD Station mostrou que apenas 4% das PMEs se diziam totalmente adequadas à LGPD e 16% sequer sabiam do que se tratava.

O assunto foi o centro da conversa entre Fernanda Nones, especialista em Privacidade e Proteção de Dados da RD Station, e Renato Monteiro, líder do Conselho de Proteção de Dados para América Latina do Twitter, e um dos maiores especialistas em LGPD no Brasil, durante o Hostel by RD Summit.

Boas notícias para quem ainda não se adequou à LGPD

De acordo com os especialistas, há pelo menos duas boas notícias para quem ainda não está de acordo com a LGPD. A primeira é que a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), órgão responsável por fiscalizar e criar diretrizes para a LGPD, poderá estabelecer normas específicas (e mais brandas) para microempresas e pequenas empresas em relação à LGPD.

Outra boa notícia é que, apesar de PMEs encontrarem obstáculos na adequação à LGPD, empresas desse porte normalmente possuem processos internos e infraestruturas de menor complexidade quando comparadas às grandes corporações. Por esse motivo, a adequação dessas empresas, por vezes, pode ser menos complexa e custosa do que possa parecer.

“Existem muitas dúvidas em relação aos impactos da LGPD e aos cuidados que precisam ser tomados, mas também existem diversas ferramentas que podem ajudar e auxiliar as empresas nessa transição, inclusive que se adequam ao contexto de cada negócio”,  explicou Monteiro, do Twitter.

Dicas úteis para PMEs se adequarem à LGPD

O universo empreendedor das PMEs, que se estende por todas as regiões e segmentos, vive um momento de forte transformação digital, acelerado ainda mais como reflexo da pandemia.

Durante a palestra, eles destacaram uma série de obrigações e requisitos que essas empresas precisam cumprir para garantir conformidade com a lei. Para ajudar as empresas, a RD Station criou a Central de Proteção de Dados, que concentra informações e dicas úteis para PMEs. Veja alguns dos pontos mencionados:

Ter um Data Protection Officer (DPO), profissional encarregado de fazer a comunicação entre a empresa e os titulares dos dados coletados, bem como a ponte com as autoridades reguladoras -e pessoa pode ser terceirizada;

• Realizar o mapeamento de dados seguindo os termos da nova lei;
• Atender às dúvidas de cliente e seus usuários sobre a coleta de dados;
• Gerenciar a comunicação de direitos com seus fornecedores para que eles também estejam adequados à LGPD;
• Incluir cláusulas de proteção de dados em contratos e investir em ferramentas e recursos que auxiliem na adequação à nova lei, seja contratando pessoas ou engajando a sua equipe.

Segundo Fernanda Nones, da RD Station, o segredo está em focar não apenas na adequação à norma, mas principalmente na adequação do mindset das empresas. Não adianta ter uma pessoa responsável se os líderes das áreas diretamente afetadas pela lei não fazem as mudanças necessárias.

A LGPD é muito mais do que um checklist de mudanças a serem feitas, é uma oportunidade para repensar a forma como a sua marca se comunica e interage com as pessoas. “O foco deve estar em estabelecer relações mais transparentes, significativas e verdadeiras com aqueles que têm interesse no seu produto ou serviço, assim todos nessa relação sairão ganhando”, finalizou Fernanda.

Fonte: Resultado Digitais