Pesquisas indicam que o desafio de se planejar assertivamente está maior a cada ano, diante de uma instabilidade que o século XXI nos trouxe.
A estratégia requer o refinamento e ajustes necessários diante de tantas mudanças que passamos e outras que ainda virão.
Os desafios de planejar 2023 são muitos, principalmente frente ao mundo Frágil, Ansioso, Não Linear e Incompreensível que vivemos, conhecido como o mundo BANI (da sigla em inglês para Brittle, Anxious, Non-linear, Incomprehensible). Por outro lado, é um mundo que proporciona um mar de oportunidades, que gera demandas diárias, com riqueza, prosperidade e com trabalho para quem enxerga propósito nele.
Frente às mudanças necessárias na forma de empreender, tantas possibilidades e novos negócios surgindo a cada momento, e, por outro lado, uma instabilidade angustiante muitas vezes, seria inevitável para qualquer um de nós, gestores e empreendedores, não nos depararmos com o desafio de planejar o futuro mantendo o equilíbrio do que está acontecendo no mundo externo com o que está acontecendo em nosso mundo interior.
O título de empreendedor não nos afasta da condição humana de sentirmos. Isso é um ponto importante a ser observado, pois culturalmente o empreendedor, por estar à frente de empresas e negócios, em uma posição de comando, é visto como inabalável. Costumo dizer que ser forte é bem diferente de ser insensível.
Hoje, o empreendedor está imerso em muitas informações, bombardeado em vários contextos dentro do mundo dos negócios. Diferentemente de antes, que era mais pontual e gradual, em que a visibilidade não era perceptível em apenas um clique, como vemos hoje acontecer.
Existe um sobrepeso mental por termos inúmeras informações ao mesmo tempo disponíveis, e, do outro lado da via, um mundo sem respostas e com a sensação de uma limitação de acessos.
Porém, o mindset empreendedor sempre encontra caminhos. É esse viés que permeia empreendedores incríveis e que produz outros grandes empreendedores com a sede de trazer respostas, resolver problemas e, por meio de um propósito, criar soluções para um futuro melhor, fincando estacas fortes no hoje, alicerces sólidos com pessoas de alianças dentro das empresas para suportarmos e superarmos o imprevisível.
Todas essas minhas inquietações acima são com o objetivo de trazer uma reflexão para traçarmos um 2023 ainda mais fluido e sem tantas cobranças dentro do mundo interno do empreendedor.
Geralmente, analisamos um ano de forma pragmática, racional e programamos o próximo ciclo. Não vejo nada de errado nisso, aliás, o faço há anos e continuarei fazendo, mas neste artigo quero convidar você empreendedor a incluir nessas análises algo que chamo de “contemplação”.
Essa contemplação é algo que tenho feito e tem me ajudado muito como pessoa e líder, dedicando um tempo longe das planilhas e dashboards para apenas observar um ano finalizado.
Observar é contemplar, é olhar para algo buscando respostas, e não dar as respostas. Normalmente, nós empreendedores temos a “obrigação” de darmos respostas a tudo e todos, montarmos os planos, definirmos os papéis, direcionarmos as estratégias, e está tudo certo. Mas o contemplar, o observar, o fitar é diferente.
Contemplar traz uma percepção que não temos como colocar em uma planilha do Excel, pois é algo interno e subjetivo.
Esse exercício de incluir um espaço para você, empreendedor, no planejamento de 2023, saindo do escopo do que você apenas pode “fazer” para como você pode “ser”, é fundamental.
O mundo mais do que nunca precisará de você, empreendedor e líder, das suas habilidades e da visão de negócio.
Portanto, a dica é: observe-se ainda mais!
* Shirley Fernandes é sócia-diretora da N1 IT.
Fonte: Administradores