O que são recursos reais?
São as pessoas, os conhecimentos, as informações, os sistemas de comunicação, o saber fazer, as tecnologias, as ciências, a capacidade de pesquisar, de refletir, de bem gerenciar. É, também, o conjunto de capacidade de observar, de dialogar, de bem ouvir, de exercer a diplomacia, de entender, planejar, motivar e executar. São, ainda, as fábricas, os equipamentos, a infraestrutura e a logística. A terra e todos os recursos naturais: sol, água, a capacidade de gerar energia, os animais, os vegetais, os minerais, toda a biosfera.

O que são recursos monetários?
Sempre que se fala em recursos há uma grande confusão entre recursos reais e monetários. Note bem: Fazemos as coisas é com recursos reais. Se fôssemos colonizar um novo planeta, não adiantaria absolutamente nada se enviássemos para lá milhares de espaçonaves cheias de moeda apenas.

Note-se que recursos monetários e creditícios são importantíssimos para facilitar o dinamismo e priorizar a mobilização dos recursos reais, com equilíbrio, ou seja: evitando o superaquecimento e a ociosidade desses recursos reais, especialmente do mais nobre deles que são as pessoas e sua capacidade de aprender e de fazer. O desemprego de pessoas, ao lado de tantas coisas por fazer, é um desperdício enorme. No Brasil de hoje, 14 milhões de desempregados (com suas causas e consequências) representam desperdício de, no mínimo, 600 bilhões de reais ao ano.

E não nos apressemos em achar “culpados”. A metodologia da qualidade nos ensina a buscar as causas fundamentais dos problemas. É uma dificuldade, temporária, de toda sociedade brasileira, para encontrar novas e melhores soluções, mais inteligentes e evoluídas, para a gestão das questões sociais, políticas e econômicas, para criarmos uma nova civilização mais digna desse nome.

Axioma Fundamental – Objetivo
A boa utilização dos recursos reais, sua otimização, para possibilitar a felicidade de todas as pessoas e sua evolução cultural, em um ambiente ecologicamente saudável e harmonioso deveria ser o objetivo desejável para todos.

Possibilidade
E o bom é que é um objetivo possível que, certamente, será alcançado pela humanidade à medida que evoluirmos em nossa percepção. Quanto mais cedo as pessoas se aperceberem que temos esse grande passo evolutivo a ser conquistado e que o nome do jogo, para um bom futuro, é mais diálogo, colaboração e harmonia que competição e atritos entre grupos, poderemos antecipar nosso processo evolutivo natural em algumas décadas.

Oportunidade
A maior e, mesmo, enorme oportunidade é que os recursos reais não são fixos. Praticamente todos podem crescer e muito. Através da educação e bom uso dos meios de comunicação uma nova visão de mundo, e as enormes oportunidades para evoluirmos podem ser mostradas e ensinadas. Uma mudança de paradigmas para a percepção de que um mundo melhor, mais rico e com melhor distribuição de renda é possível para todos.

A Qualidade e seu papel
E esse é um desafio não apenas para os governos, mas para toda a sociedade. E a Qualidade, essa brilhante metodologia que exerceu um papel central no desenvolvimento das tecnologias, pode se adaptar a essa nova realidade. O novo paradigma precisa da visão global e sistêmica que a Qualidade pode trazer.

Dificuldades
Uma das nossas maiores dificuldades para evoluirmos é a nossa mentalidade atual, o grau atual de nossa percepção.

A maior dificuldade é o nosso apego aos nossos atuais paradigmas, nossos dogmas e saberes. Não nos apercebemos que muitos se tornaram obsoletos. Também os nossos instintos precisam ser melhores administrados para podermos evoluir em percepção.

Outra dificuldade que é ao, mesmo tempo, uma grande oportunidade é que estamos numa fase de transição do mundo da “tecnosfera” para o da “noosfera”. Expliquemo-nos melhor: A humanidade, em termos de ciências exatas e tecnologia, a “tecnosfera”, vai muito bem, obrigado. Já no mundo das ciências humanas e sociais, a “noosfera”, especialmente na política e na economia, sejam nacionais, sejam nas relações entre países, estamos, ainda, bastante atrasados.

Somos aí muito influenciados pelos nossos instintos, formados ao longo de nossa passada evolução e, portanto, ainda carregados de agressividade e instinto da luta (lembremo-nos de Darwin), num egoísmo de curta visão em vez de um “egoísmo inteligente”. Essa transição, da “tecnosfera” para a noosfera nos indica, também, a necessidade de mudança de um paradigma mental: O nosso atual pensamento analítico-racional, exitoso nas ciências exatas e na tecnologia, não está dando conta de bem gerir nossa evolução nas ciências sociais, especialmente na política e na economia.

O pensamento muito especializado, muito fragmentado, exitoso, repetimos, na tecnosfera, não consegue bem se aperceber das sutis relações entre as coisas no mundo da noosfera. Os especialistas, não são bons para resolverem, sozinhos, os problemas macro, como são muitos das ciências sociais, onde tudo é interligado em sistemas complexos. Atribui-se a Clemenceau a famosa frase: “A guerra é muito complexa para ser deixada só na mão dos Generais”. A economia, por exemplo, tornou-se uma ciência hermética e dogmática que, praticamente, não admite diálogo, como se fosse do campo das ciências exatas, o que não é verdade. Seus fracassos, como o das décadas perdidas e o desemprego em massa são tratados como se fossem meros incidentes, inevitáveis.

Fonte: Uqb