Apesar de semelhantes, ambos os termos têm significados diferentes. Uma cidade só pode ser considerada inteligente quando todas essas tecnologias começam a se comunicar entre si e os processos se tornam “inteligentes”
O termo Smart City já é bem conhecido, porém, talvez não tão bem compreendido. O conceito remete a uma cidade inteligente, ou seja, automatizada e funcional, mas será que as tecnologias que o governo disponibiliza ao público, como wi-fi em locais públicos, alguns aplicativos de serviços, podem caracterizar uma cidade como inteligente?
A resposta é depende: embora as tecnologias façam parte do caminho que leva as cidades a se encaixarem no conceito de Smart City (ou cidade inteligente), a maioria ainda está em processo de se tornar digital. Apesar de semelhantes, ambos os termos têm significados diferentes. Uma cidade só pode ser considerada inteligente quando todas essas tecnologias começam a se comunicar entre si e os processos se tornam “inteligentes”, como por exemplo: um problema é identificado e automaticamente as equipes responsáveis são acionadas; esses dados ficam registrados para análises futuras sobre as tendências (e possíveis motivos) que contribuíram para aquela ocorrência. Tal ação permite tomar providências antecipadamente.
O governo já entendeu que a tecnologia é indispensável para facilitar, agilizar e baratear os serviços públicos. Não somente para a vida do cidadão, mas também para tornar mais ágeis os processos e operações. Diferente de algumas décadas atrás, hoje já conseguimos visualizar, acompanhar, sugerir e solicitar diversos serviços por meio da tecnologia. Claro que muito ainda se tem para informatizar, mas o primeiro passo já foi dado.
No entanto, por que com tanta tecnologia já disponível não conseguimos ainda desburocratizar os serviços?
A resposta pode estar justamente no conceito explicado logo acima. A tecnologia já existe e tem sido utilizada, mas se elas não se comunicarem entre si, podemos até ser uma Cidade Digital, mas isso – por si só – não trará benefícios palpáveis à população.
Há, no entanto, exemplos notáveis no sentido de tornar os processos menos burocráticos e mais benéficos. Algumas Prefeituras, a exemplo de Guarulhos e São Paulo, saíram na frente com aplicativos que trouxeram muito mais conforto ao usuário. No carnaval deste ano, por exemplo, em uma parceria com a Secretaria Municipal de saúde de São Paulo, um aplicativo que informava sobre DSTs e orientava o usuário quanto a postos de distribuição de preservativos e locais para realizar a PEP (Profilaxia Pós-exposição), foi lançado e amplamente divulgado e utilizado.
Atualmente a Prefeitura de São Paulo já disponibiliza atendimento multicanal (portal, aplicativo, chat e call center) através de uma plataforma unificada e integrada aos sistemas legados existentes, dando um salto em relação à centralização das informações.
A Prefeitura de Guarulhos lançou também, recentemente, um aplicativo para que o cidadão pudesse informar e solicitar reparos de buracos nas vias e falta de iluminação.
Tais ações confirmam que os gestores já estão enxergando nessas ferramentas digitais uma oportunidade de engajamento e aproximação da população com os órgãos gestores, o que resulta em melhores serviços e menor rejeição, além de grande economia de custos.
O porquê desse conceito não se universalizar seja talvez o ceticismo com relação à tecnologia e o “pré-conceito” enraizado de que o orçamento não comporta esse tipo de investimento.
Todavia, a verdade é que nunca houve no Brasil um ambiente tão favorável a implementações de serviços digitais para municípios de todos os portes. São 230 milhões de smartphones – praticamente 1 por habitante e outros 166 milhões de desktops, notebooks e tablets em mãos do usuário brasileiro. Ou seja, tais recursos já estão disponíveis em mais de 80% dos lares em municípios com perfil de metrópole.
Tais dados servem para pontuar que, com recursos técnicos extremamente modestos, o governo tem total condição de partir para a transformação digital sem precisar construir uma grande retaguarda de informática. E mais, sem precisar esperar a implantação de grandes estruturas analíticas, ou mesmo a formação de quadros internos especializados na operacionalização de novos aparatos de TI.
Com a popularização das plataformas analíticas, hoje já é possível integrar e acessar informações de diversos órgãos em um mesmo sistema. Isso agilizaria e otimizaria os atendimentos em postos de saúde, farmácias, departamentos de trânsito, etc. Na área da segurança, aplicações de IoT (Internet das Coisas) articuladas com tecnologias já plenamente utilizadas, como câmeras de segurança, coletores de tráfego e faróis inteligentes, permitem uma resposta rápida dos departamentos responsáveis ao enviar, em tempo real, informações sobre acidentes de trânsito, invasões locais e crimes como roubo/latrocínio.
Os Chatbots e chats, outras alternativas plenamente viáveis e acessíveis para otimizar – e muito – custos de atendimento, desobrigam o munícipe a ir a um local físico para enfrentar filas inúteis e, em última instância, custosas.
Além disso, podem ser utilizados em associação a redes sociais como Facebook ou Twitter, o que pode ser uma boa saída para cidades que não possuem uma estrutura sólida de portal web para comportar interações de serviços.
Recentemente, em um Congresso de Municípios no interior de São Paulo, foi apresentada uma plataforma especialmente adaptada para atender pequenas prefeituras com baixo orçamento de TI e com população até 120 mil habitantes. Isto incluía serviços de atendimento e autosserviço via portal, smartphones, praça de atendimento, email, redes sociais e aplicativos de mensagem.
Uma das grandes vantagens do sistema é possibilitar a interligação dos serviços às bases de dados do município, facilitando não só o atendimento eletrônico, mas também o auto-acompanhamento das requisições do cidadão através da tela do computador ou do dispositivo móvel.
Interligação essa que falta para que diferentes cidades – e municípios – possam se comunicar entre si. Desde acessar um prontuário médico de um cidadão que fez tratamento em outra cidade, até mesmo poder agendar serviços em regiões próximas, quando tal requisição não está disponível no seu local de origem.
São tecnologias como essas que podem – e necessitam – serem convertidas em estrutura de serviços, sem que as prefeituras tenham de se endividar ou transformar sua atual estrutura de TI.
Fonte: Administradores
Fonte da imagem: Designed by Onlyyouqj