Como teria sido o período de quarentena se não houvesse internet?
Mais do que ajudar a manter próximos amigos e familiares mesmo a distância, a internet foi a principal ferramenta de trabalho de grande parte da população no mundo todo.
Sem ela, o home office de muita gente não teria acontecido. Em última análise, ela não salvou apenas empresas e empregos, mas sobretudo diversas vidas.
Começo esse texto falando sobre isso para mostrar o quanto nos tornamos dependentes de tecnologia para sobreviver. E a tendência, como sabemos, é que isso se mantenha.
No que diz respeito ao mundo e ao futuro do trabalho, a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) prevê que 32% dos empregos sofrerão mudanças tão significativas devido ao uso de novas tecnologias que exigirão um grande esforço de adaptação por parte das empresas e de seus colaboradores.
Ainda segundo o estudo, estima-se que 14% dos empregos correm o risco de desaparecerem completamente por conta da implementação de processos de automação e inteligência artificial. Isso porque, quanto mais previsível forem as tarefas relacionadas a um emprego, mais passível de automação ele é.
Embora esse estudo seja anterior à pandemia, a tendência é que esses números se mantenham e possam até ser superados.
No relatório “O futuro do trabalho pós-COVID-19”, elaborado pela consultoria McKinsey Global Institute, os autores afirmam que, “historicamente, em momentos de crise e recessão, as empresas costumam controlar os custos e mitigar as incertezas de duas formas: adotando a automação e redesenhando os processos de trabalho, reduzindo principalmente a parcela de empregos que envolvem tarefas de rotina”.
Para corroborar essa conclusão, a consultoria partiu de dados coletados em uma pesquisa global com 800 executivos seniores, ainda em 2020, na qual detectou um padrão: dois terços dos entrevistados disseram que estavam aumentando os investimentos em automação e inteligência artificial de forma moderada ou significativa.
Por outro lado, as novas tecnologias não podem ser encaradas como vilãs. Afinal, carregam consigo o potencial para abertura de novos postos de trabalho – inclusive, muitos negócios hoje só existem por conta da tecnologia e da internet, que multiplicaram oportunidades de emprego e isso ficou ainda mais evidente durante a pandemia.
Novos modelos de trabalho
Os anos 2020 e 2021 foram marcados por uma crescente evolução digital, que avançou ao menos uma década em apenas alguns meses. A maneira como trabalhamos mudou em pouquíssimo tempo graças aos recursos tecnológicos que permitem digitalmente a interação e a colaboração, como videoconferência e compartilhamento de arquivos diretamente na nuvem.
Como consequência, estamos diante de uma nova era, que tem sido chamada pela plataforma LinkedIn de “Grande Reorganização”.
Em seu relatório de Tendências Globais de Talentos para 2022, a rede social de negócios afirma que “enquanto os empregadores estão repensando sua cultura e valores, os funcionários buscam flexibilidade, cuidado e equilíbrio entre vida profissional e pessoal. E ainda demonstram uma disposição sem precedentes de procurar novas oportunidades se suas necessidades não forem satisfeitas”.
Além disso, a previsão é que a demanda por competências tecnológicas cresça muito até 2030. Em relação especificamente à área de TI, por exemplo, o relatório da consultoria McKinsey revela que a demanda por trabalhadores em ocupações STEM (sigla em inglês para Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) pode crescer mais do que antes da pandemia. Refletirá um maior foco nessa área à medida que a população envelhece e a renda aumenta, além da necessidade cada vez maior de pessoas capazes de criar, implementar e manter novas tecnologias.
Serão esses os profissionais responsáveis por lidar com plataformas cada vez mais complexas e que, ao mesmo tempo, possam humanizar e melhorar a experiência de todas as pessoas envolvidas.
No entanto, a verdade é que, devido à desigualdade social, boa parte da população ainda se encontra um passo atrás em relação aos grandes avanços tecnológicos e esse talvez seja o grande desafio a ser discutido sobre o futuro do trabalho.
Por Cibele Giarrante,
Fonte: RH Pra Você