Empresas brasileiras têm desafios a enfrentar, como a geração de valor para os negócios, com ganho de escalabilidade e redução de custos e riscos no uso da tecnologia
A Inteligência Artificial (IA) afetará a todos os setores produtivos, países e sociedades; é uma jornada sem volta, que está apenas começando e evoluirá para uma potência muito maior, ainda não mensurada, equivalente a uma quinta revolução industrial. Esta foi uma das principais constatações do evento “Exponential IA – Os desafios do uso da IA para acelerar negócios e cibersegurança”, promovido pela TQI para cerca de 60 empresários e parceiros, em 6 de junho, no WTC São Paulo Business Club, em São Paulo.
Empresa de tecnologia e inovação que há mais de 30 anos desenvolve soluções, sistemas, plataformas e processos para suportar e alavancar os negócios de seus clientes no Brasil e no exterior, a TQI organizou o encontro para expor um panorama atual do uso de IA nos mais diversos setores da economia, apresentado por renomados especialistas; e para entender quais são os principais problemas das empresas parceiras sobre o tema e o uso das demais tecnologias.
“O objetivo é entender as necessidades e dúvidas dos clientes para transformá-las em projetos que impulsionem os seus negócios, mostrando as tendências em IA e como ela pode melhorar desempenho, performance e oferecer eficiência aos processos, com segurança”, disse Mário Anseloni, CEO da TQI, na abertura do evento, bastante interativo com painéis de debates, discussão nas mesas e a realização de uma pesquisa sobre os principais entraves na área de tecnologia enfrentados pelos empresários presentes no encontro.
Entre os principais tópicos debatidos sobre IA, destaques para a criação de valor nos negócios, as transformações em curso na economia mundial, a confiança do empresariado na tecnologia em decorrência de riscos de segurança, a falta de regulamentação no Brasil e as principais áreas de negócios impactadas.
O momento é relevante para ampliar as discussões e uso da IA nos negócios por causa do estágio de maturação da tecnologia, segundo os palestrantes. Atualmente, há uma grande quantidade de dados disponíveis e alta capacidade de processamento a um custo menor, o que permite crescimento exponencial no uso da ferramenta, disseram.
“Hoje, boa parte das grandes companhias está apostando todas as fichas em IA. Corporativamente é um caminho sem volta”, afirmou Adriano Espósito, IT Leader da XP Inc. “E o foco das corporações está na redução de custos”, endossou Gustavo Roxo, Founding Partner da 39A Ventures.
IA Generativa, US$ 13 bi em negócios
Para Jefferson Denti, Chief Disruption Officer da Deloitte, a mensagem fundamental é que as instituições que não estão atentas às mudanças precisam se preparar, pois elas são inevitáveis. “Em cinco anos, 75% do que temos hoje estará transformado”, afirmou, especialmente, sobre os impactos da IA Generativa (GenAI, em inglês) nas empresas. “E menos de um quarto se enxergam preparadas para isso”, complementou Denti.
Dorival Dourado, membro do Conselho da TQI e mediador de debate, destacou que somente neste ano negócios com GenAI já movimentaram mais de US$ 13 bilhões, sendo 71% deles fomentados por empresas em fase inicial de operação, a maior parte da Índia, China e Estados Unidos. “Entretanto, as empresas brasileiras parecem estar em um estágio mais inicial, preocupadas ainda em como usar a IA, onde e como investir e quais são os riscos”, disse.
Entre os desafios apontados pelos especialistas a serem superados pelas empresas brasileiras, está a geração de valor aos negócios a partir de IA, seja no ambiente de relacionamento ou no desenvolvimento de novos produtos e serviços, com ganho de escalabilidade e redução nos custos.
“Primeiro, as companhias precisam definir uma estratégia de negócio a fim de entender qual a melhor estratégia de GenAI deve ser utilizada e quais desafios precisam ser solucionados”, aconselhou Espósito, acrescentando que é preciso refletir sobre as diferentes plataformas tecnológicas disponíveis e, sobretudo, testá-las para validar as aplicações e ter previsibilidade, reduzindo, assim, os riscos.
Os especialistas concordam que a segurança é uma questão importante e que há riscos nos processos, pois os sistemas de IA se alimentam de dados abertos. Porém, não houve unanimidade se regular o setor no Brasil, a exemplo do que ocorreu recentemente na Europa, ajudará a reduzir os riscos. Alguns acreditam ser fundamental para se alcançar escalabilidade com segurança. Outros, no entanto, dizem que os processos de regulamentação no País são demorados e não acompanharão as rápidas evoluções da IA.
Também coordenador do Centro de Excelência em IA da Deloitte, Denti observou que as empresas precisam criar “massa crítica”, ou seja, investir em tecnologia, mas também em pessoas e com conhecimento de dados. “Não é apenas investir em IA, mas em outras tecnologias também, pois a IA não faz nada sozinha.”
Os impactos da IA no mundo corporativo, como já ressaltado, atingem todos os setores econômicos, do chão de fábrica até o atendimento ao cliente, de atividades repetitivas, otimizadas até as mais sofisticadas. “Não se deve simplesmente delegar tudo para IA, mas o que pode trazer maior produtividade e eficiência com segurança”, destacou Denti. Os especialistas, em consenso, acreditam, contudo, que a IA não substituirá a criatividade humana.
Fonte: Contábeis